Demos adeus ao exímio cineasta Jean-Luc Godard, e ao relembrar a vida dele e seus feitos, me motivou a escrever quantas vezes os brasileiros apareceram em filmes de excelentes diretores
Daniel Bydlowski, cineasta Publicado em 17/09/2022, às 13h53
O ‘Vento do leste’ (1970) foi um dos filmes mais incríveis produzidos por Jean-Luc Godard — cineasta francês, de quem nos despedimos na última terça-feira, 13. O longa, conhecido como faroeste revolucionário, traz um panorama das ideologias inseridas no cinema, principalmente em relação às posições políticas anticapitalistas.
Produzido pelo Grupo Dziga Vertov, um coletivo de cineastas fundado por Jean-Luc Godard e Jean-Pierre Gorin, o filme acaba se tornando uma identidade deste movimento.
Mas o que tem a ver com o Brasil? Em uma das cenas centrais da produção aparece Glauber Rocha — cineasta de renome brasileiro que produziu muitas obras, entre elas: ‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’ (1964) e ‘Terra em Transe’ (1967).
Glauber interpreta um cineasta revolucionário — que de fato é — e na cena se encontra com uma moça, com sua câmera na mão e um questionamento: “qual a direção do cinema político?”. Com resposta enigmática, mostra que seguem caminhos diferentes, quando realizados em lugares e com propósitos distintos.
Um grande feito para o povo brasileiro, mostrar um dos filhos da pátria em uma produção francesa na década de 70. Mas não há apenas Glauber Rocha no time de canarinhos que apareceram em grandes produções estrangeiras. Podemos ver muitos outros, a partir da lista que vou criar.
O filme é de Hector Babenco, reconhecido cineasta argentino que resolveu colocar atores brasileiros de peso em seu longa. Sônia Braga — que já está acostumada em aparecer no cinema estrangeiro —, Nuno Leal Maia, José Lewgoy e Nildo Parente foram presentados com personagens marcantes.
Babenco é de casa, retrata a nossa realidade e traz talentos brasileiros, como ‘Pixote’ (1981), que revela no papel principal Fernando Ramos da Silva e também conta com a participação de Marília Pêra, entre outros.
Sobrinha de Sônia Braga, Alice Braga também sempre andou com o passaporte em dia. Até que participou da icônica produção de Francis Lawrence, também diretor da trilogia ‘Jogos Vorazes’ (2013-15) e 'Constantine' (2005).
Apesar de não chegar a ser uma protagonista do filme, ela tem boas contra encenações com Will Smith. E a carreira internacional da brasileira não para por aí, também participou de ‘Predadores’ (2010), ‘O Ritual’ (2010) e ‘A Cabana’ (2017). Realmente, sabemos que o futuro dela se mostra promissor em Hollywood, tal qual como a tia, conquista seu espaço e mostra o talento.
O filme foi um sucesso inquestionável de bilheteria, além disso, rendeu piadas e frases de efeitos pela internet. E quem participa é Rodrigo Santoro. Com direção do cineasta Zack Snyder, o mesmo de ‘A Lenda dos Guardiões’ (2010) e ‘Liga da Justiça’ (2017), a oportunidade do ator das terras tupiniquins chegou e ele interpreta o rei Xerxes, que se autointitula Deus.
Com uma cena icônica, pelo menos para nós aqui do Brasil, Santoro também conquista cada vez mais seu espaço na gringa, com papéis em obras como: ‘Simplesmente Amor’ (2003), ‘Sem Limites’ (2022), entre outros.
Morena Baccarin chama a atenção dos holofotes hollywoodianos já faz um tempo. Parte da saga do debochado super-herói, com um dos papéis principais, a atriz carioca faz a Vanessa — que arrisca o par romântico com o próprio Deadpool.
Mas o sucesso internacional está até em séries que vão longe, que a fizeram crescer tanto, além pelo peculiar destino de muitas vezes cair nas garras das adaptações dos quadrinhos.
Morena participou da série ‘Gothan’ (2014-19) como a psicóloga Leslie Thompkins que tem um envolvimento emocional com o comissário Gordon; ainda participou de diversos filmes, como exemplo, ‘Destruição Final: O Último Refúgio’ (2020).
Um filme imperdível de Dwight H. Little, o mesmo diretor de algumas produções da franquia ‘Halloween’, ‘Fantasma da Ópera (1989)’, entre outros. E quem participa é Daniel Benzali — ator do teatro brasileiro que também partiu para a gringa para tentar fazer parte do sonho hollywoodiano, e, além desta participação, conquistou alguns papéis em sucessos como '007: Na Mira Dos Assassinos' (1985) e ‘Jornada nas Estrelas: a nova geração’ (1987-1994).
O cineasta brasileiro Daniel Bydlowski é membro do Directors Guild of America e artista de realidade virtual. Faz parte do júri de festivais internacionais de cinema e pesquisa temas relacionados às novas tecnologias de mídia, como a realidade virtual e o future do cinema. Daniel também tenta conscientizar as pessoas com questões sociais ligadas à saúde, educação e bullying nas escolas. É mestre pela University of Southern California (USC), considerada a melhor faculdade de cinema dos Estados Unidos.
Atualmente, cursa doutorado na University of California, em Santa Barbara, nos Estados Unidos. Recentemente, seu filme Bullies foi premiado em NewPort Beach como melhor curta infantil, no Comic-Con recebeu 2 prêmios: melhor filme fantasia e prêmio especial do júri. O Ticket for Success, também do cineasta, foi selecionado no Animamundi e ganhou de melhor curta internacional pelo Moondance International Film Festival.
Marchinhas, folia e confusão: O Carnaval retratado no cinema
Afinal, 'Duro de matar' é ou não um filme natalino?
Bruce Lee, o eterno dragão chinês
Veja o que cada ator que viveu o 'Batman' trouxe de bom a saga
Da ganância a redenção: Quem foi Oskar Schindler?
Filadélfia: Filme é um marco contra o preconceito