No dia 31 de março nos lembramos dos momentos mais sombrios do Brasil, a Ditadura. E a arte nos traz um panorama de como foi esse evento e de como não devemos esquecê-lo
Daniel Bydlowski, cineasta Publicado em 31/03/2022, às 16h23
Foi na data de 31 de março de 1964 que o golpe foi dado. Aos poucos, muitas pessoas perderam o direito de se manifestarem, de ir e vir e também começaram a sofrer perseguições e torturas. Um cenário que o brasileiro não quer mais assistir, nem na pele e nem de longe.
São muitas as campanhas e artes que mostram os efeitos deste período sombrio na história da terra dos canarinhos, e isso traz uma transformação interna em cada um de nós, para que lutemos sempre a favor da democracia. Afinal, o mundo é bem melhor quando a população tem o poder de escolha.
E para reforçar os princípios da democracia, mostrar os horrores do período da Ditadura Militar e entender a importância de mostrar como a história aconteceu, elenquei seis filmes, nem tão conhecidos, que são abordados durante estes mais de 20 anos inquietantes.
Pouco conhecido pelas gerações recentes, é em especial o caso de dois irmãos que foram torturados e julgados sem ao menos cometerem os crimes dos quais foram acusados.
Isso nos mostra a problemática de um governo totalitário que não dá chance da defesa e conclusão de inquéritos para que assim seja dada a sentença. Ambientado no sertão de Minas, em Araguari, em que os irmãos foram acusados de um assassinato e foram torturados até confessar.
E mesmo que não tenha relação direta com a resistência ou algo relacionado à Ditadura, eram assim que os problemas se resolviam, por meio de espancamentos. Este é o reflexo do que se passava à época.
Em novembro de 2015, “Pra frente, Brasil”, entrou na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) como um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.
A época era dos anos de chumbo, a seleção era o maior orgulho, a política a maior farsa já divulgada, e o milagre econômico era uma espécie de slogan. Mas ascensão para quem?
O drama é mais um engano, um homem ao dividir um taxi com uma militante de esquerda é confundido e sofre torturas irreparáveis, até seu sumiço. O panorama é: pessoas morrem e somem, enquanto outros gritam gol.
Essa é a prova que nem mesmo os militares conseguiam suportar tanto sofrimento. A história é do ex-capitão do exército brasileiro e grande atirador Carlos Lamarca.
Desertor que passou para o lado da resistência e fez uma negociação à época muito importante, a troca seria de presos políticos pelo embaixador da Suíça, mantido pelo grupo da oposição em cativeiro. Fez história e hoje é lembrado por sua coragem.
O nome por si só já é assustador. Era um grande alívio quando as pessoas voltavam para casa. O filme mostra relatos documentais de oito ex-presas políticas com uma parte ficcional que reconstrói o panorama de como as vítimas sobreviveram a muito tempo de tortura física e psicológica e, ainda, traz como elas encaram a vida pós esse momento sombrio.
Ou seja, além do preço pago com diversas atrocidades, essas mulheres tiveram a vida destruída e marcada para sempre.
A vida do compositor e cantor Caetano Veloso durante a sua prisão é retratada de forma muito dolorosa. A entrada dos policiais poucos dias antes de ser decretado o AI-5, seu cárcere, suas dores e até que, finalmente, acontece sua soltura e retorno a Salvador.
E se já não bastasse todos os efeitos durante os anos de Ditadura, este longa mostra o efeito que causou nas gerações que a seguiam. Como o caso da personagem Joana, que adolescente morava em Paris, mas voltou ao Rio de Janeiro após a anistia. Chegando no Brasil começa a se deparar com todos os traumas de ser filha de um homem que sumiu nos porões do DOPs e as amargas memórias dos tempos difíceis que assombram sua vida.
O cineasta brasileiro Daniel Bydlowski é membro do Directors Guild of America e artista de realidade virtual. Faz parte do júri de festivais internacionais de cinema e pesquisa temas relacionados às novas tecnologias de mídia, como a realidade virtual e o future do cinema. Daniel também tenta conscientizar as pessoas com questões sociais ligadas à saúde, educação e bullying nas escolas. É mestre pela University of Southern California (USC), considerada a melhor faculdade de cinema dos Estados Unidos. Atualmente, cursa doutorado na University of California, em Santa Barbara, nos Estados Unidos. Recentemente, seu filme Bullies foi premiado em NewPort Beach como melhor curta infantil, no Comic-Con recebeu 2 prêmios: melhor filme fantasia e prêmio especial do júri. O Ticket for Success, também do cineasta, foi selecionado no Animamundi e ganhou de melhor curta internacional pelo Moondance International Film Festival.
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