Com roupas de grife, uma ideia ousada e decisões bizarras, a banda criou uma das maiores obras da história da música
Pamela Malva Publicado em 24/06/2020, às 08h00
Sempre muito criativos, os membros dos Beatles tinham um pequeno desafio em mãos, em meados de 1969. Seu mais novo álbum já estava sendo gravado, mas a obra ainda não tinha nem um título, nem uma capa.
Ambicioso, Paul McCartney queria criar algo que representasse a banda em sua essência e ainda fizesse jus ao álbum que estava sendo produzido. Com músicas como Here Comes The Sun e Come Together, a capa precisava ser épica.
Ao olhar pela janela dos estúdios da EMI, em Londres, Paul finalmente teve uma ideia para a sessão de fotos que logo entraria para a história do rock mundial. O guitarrista dos Beatles decidiu que a capa do álbum seria feita na Abbey Road.
Uma manhã de sol
O dia 8 de agosto de 1969 estava especialmente quente e, dentro dos estúdios EMI, os integrantes da banda britânica estavam trabalhando nas faixas de seu novo álbum. A sessão de fotos para a capa do LP estava marcada para aquela tarde.
Eventualmente, o fotógrafo Iain MacMillan chegou com seus equipamentos e toda a equipe da banda caminhou até o número 3 da Abbey Road, no cruzamento com a Grove End Road. Uma vez instalados, pediram que o trânsito fosse interrompido.
A fim de capturar a faixa de pedestres em sua totalidade, Iain subiu em uma escada e pediu que os Beatles atravessassem a rua. De costas para o estúdio, então, John Lennon guiou os colegas, enquanto colocava as mãos nos bolsos.
Uma sessão esquisita
Em fila, os integrantes dos Beatles caminharam pela Abbey Road despreocupados enquanto as imagens eram feitas. Na ocasião, Paul McCartney, Ringo Starr e John Lennon vestiam ternos de grife, criados pelo designer galês Tommy Nutter. George Harrison, por sua vez, trajava calças jeans confortáveis.
Com os pés descalços, Paul seguia seus companheiros de banda e, ao fundo da imagem, um senhor observava cada passo dos artistas. Em impressionantes dez minutos de sessão, os Beatles atravessaram a rua três vezes.
De volta ao estúdio, demorou poucos minutos até que Paul finalmente escolhesse sua fotografia favorita entre as dez imagens feitas por Iain MacMillan e sua câmera Hasselblad. Agora, restava mandar o clique para os designers do EMI.
A capa icônica
Com a capa do álbum pronta, os Beatles ainda precisavam decidir qual seria o nome do disco. Os quatro artistas chegaram a pensar no título Everest, em homenagem aos cigarros que o engenheiro Geoff Emerick fumava durante a sessão de fotos.
Quando os produtores sugeriram colocar uma imagem do Himalaia na capa do CD, no entanto, a ideia do nome foi logo abandonada. Surgiu, então, o plano de chamar o álbum de Abbey Road, em uma clara referência à rua onde tudo aconteceu.
Aquela foi a primeira vez na carreira da banda que um disco foi lançado sem o título da obra ou o nome do grupo. Segundo o designer John Kosh, a escolha deixou os executivos do EMI furiosos, mas qual seria a necessidade de colocar o nome dos Beatles na capa? Eles eram “a maior banda do mundo”, afinal.
A última das vezes
Poucos meses após o lançamento em setembro de 1969, o disco icônico dos Beatles chegou ao topo das paradas. Com o sucesso meteórico, mais de 30 milhões de cópias do álbum foram vendidas e a foto passou a fazer parte do cenário musical da época.
A capa memorável logo colocou a Abbey Road no mapa de Londres e, com o passar dos anos, a avenida tornou-se um dos maiores pontos turísticos da capital. Tamanho foi o sucesso que o próprio EMI passou a ser conhecido como Abbey Road Studios.
Poucos meses mais tarde, apesar da fama, dos holofotes e da enorme comunidade de fãs apaixonados, os Beatles anunciaram seu fim, em 10 de abril de 1970. Os membros da banda tomariam caminhos diferentes e, para a história da música, restaria apenas um dos álbuns mais icônicos do grupo que revolucionou o rock mundial.
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