Ela veio de muito, muito longe, mas sempre foi vista como um remédio — principalmente em dias frios
Maria Carolina Cristianini Publicado em 13/06/2021, às 10h00
Quem nunca ouviu o dito popular: “Canja de galinha não faz mal a ninguém”? Faz sentido: a canja já era remédio na origem. Bem antes de os portugueses pensarem em cozinhar arroz além do ponto, os chineses já faziam o congee (ou bai zhou), caldo com o grão derretido oferecido a doentes e no pós-parto.
É provável que os portugueses tenham topado primeiro com a versão indiana, chamada kanji. “Em estudo sobre a canja de galinha, fui buscar a referência escrita mais antiga em um autor português à palavra ‘canja’”, afirma Carmen Soares, diretora do doutoramento em patrimônios alimentares: culturas e identidades da Universidade de Coimbra (Portugal). O achado está na obra 'Colóquios dos Simples e Drogas da Índia', do médico português Garcia de Orta, editado em Goa (ex-colônia portuguesa na Índia) em 1563.
Orta viveu por lá e relatou que os indianos indicavam como dieta a doentes de cólera o kanji: arroz cozido com especiarias. O acréscimo de frango veio da intervenção portuguesa. Quanto ao fato de o prato ser binacional, Carmen comenta: “China e Índia são civilizações do arroz. Não é de estranhar que tenham hábitos alimentares idênticos.”
A canja de galinha só chegou ao Brasil no século 16 e ganhou variações com aves nacionais. Por aqui, também tornou-se um dos pratos favoritos de Dom Pedro II e, até hoje, continua fazendo sucesso entre aqueles que acreditam no poder de um caldo quente em dias frios, principalmente contra os resfriados mais insistentes.
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