Conhecido por proclamar a Independência — e pelo triângulo amoroso com Leopoldina e Domitila —, Dom Pedro I possui uma face desconhecida: a música
Fabio Previdelli Publicado em 17/12/2023, às 13h00 - Atualizado em 18/12/2023, às 18h51
"Já podeis, da Pátria filhos/ Ver contente a Mãe gentil/ Já raiou a liberdade/ No horizonte do Brasil", os trechos iniciais do Hino da Independência do Brasil, escrito pelo jornalista e político Evaristo da Veiga, todos já sabem. Mas existe um fato pouco conhecido da canção: a importante participação de Dom Pedro I nele.
Conhecido por proclamar a Independência do Brasil — e também por viver um triângulo amoroso com Maria Leopoldina e Domitila de Castro —, os 35 anos da vida de Dom Pedro I vão muito além de suas conquistas militares ou de seus casos amorosos.
Afinal, o primeiro imperador do Brasil também se dedicou à música. Pedro I, aliás, foi o responsável por compor a melodia do Hino da Independência; saiba mais!
O Brasil se tornou independente das colônias portuguesas em 7 de setembro de 1822. Com o rompimento do vínculo de dominação, foi composto o 'Hino da Independência', extraído do poema 'Hino Constitucional Brasiliense' criado por Evaristo Ferreira da Veiga.
Defensor da Independência do Brasil, o escritor, poeta, jornalista, livreiro e político havia escrito seus versos cerca de um mês antes de Pedro I bradar "Independência ou Morte" às margens do Ipiranga.
Conforme recorda matéria do Brasil Escola, em um primeiro momento, a melodia foi composta por Marcos Antônio da Fonseca Portugal, mas, dois anos depois, a letra recebeu uma nova melodia, essa por Dom Pedro I.
Acontece que o primeiro imperador, durante sua juventude, teve uma formação musical muito boa. O fato, porém, ficou perdido no tempo pelo reinado impopular de Dom Pedro I; além, é claro, da proclamação da República em 1889, que colocou a canção no esquecimento por anos.
O lado musical de Dom Pedro I foi regatado nas comemorações do Bicentenário da Independência no ano passado. Na ocasião, a Filarmônica de Minas Gerais gravou um álbum dedicado às composições do imperador, chamado 'A Música do Brasil'. O projeto teve parceria com o Itamaraty e o selo internacional Naxos.
"Embora ele tenha entrado para a história como o Rei Soldado, a formação da aristocracia daquela época incluía estudos musicais e filosóficos. Dom Pedro I tocava vários instrumentos e teve bons professores. Sua obra não é a de um grande gênio musical, mas ela é competente e mostra que ele tinha conhecimentos bastante interessantes", disse o maestro Fabio Mechetti, diretor artístico da Filarmônica, em entrevista à Veja.
"É difícil comparar Dom Pedro I com um profissional. Ele soa como Mozart e Rossini, mas não está no nível profissional. É louvável que um líder político como ele tenha tido o tempo e a capacidade para escrever música", destacou.
Mechetti também ressaltou que as obras musicais de Dom Pedro I não mostram apenas competência, mas sua vontade de se expressar através da música — com composições que marcam o fim do rococó e começo do classicismo; utilizando todos os instrumentos de uma orquestra clássica da época, como trompete, flauta, clarinete, oboé e fagote.
Sua produção teve caráter mais celebratório que político", aponta.
A veia musical do primeiro imperador brasileiro também foi resgatada pela musicista e pesquisadora Rosana Lanzelotte, que recentemente lançou o livro 'Já raiou a liberdade - D. Pedro I compositor e a música de seu tempo' (Editora Capivara).
A obra — elaborada após quatro anos de pesquisas e atuação, in loco, em bibliotecas de Brasil, França, Portugal e Áustria — ainda apresenta manuscritos inéditos de Dom Pedro I. O livro também conta com QR Codes que enviam os leitores para áudios e vídeos dessas composições, os levando para uma viagem na história através da música.
Trata-se de um livro sobre música e História. Por isso, nada mais adequado do que sugerir que o leitor ouça os repertórios", conta Rosana Lanzelotte.
Desta forma surgiu o álbum 'O Amor Brasileiro', com obras para pianoforte de D. Pedro I e de seu mestre Sigismund Neukomm, disponível em plataformas digitais. Nele, estão peças dedicadas a Dom Pedro I e Dona Leopoldina, nunca gravadas, além de consagrados hinos do Imperador.
"'Já raiou a Liberdade' coloca, a partir de estudos inéditos e aprofundados, a correta posição de D. Pedro I em nossa história, não apenas como um príncipe libertário, mas como um músico de elevado talento e pleno domínio do artesanato composicional. Também nos revela a densidade e qualidade técnica deste estudo-biografia, praticado por uma das maiores instrumentistas e conhecedora da realidade histórica e musical brasileira, Rosana Lanzelotte", aponta o maestro e arranjador brasileiro Júlio Medaglia.
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