Após a morte, em 15 de dezembro de 1966, Walt Disney foi alvo de uma teoria conspiratória
Fabio Previdelli Publicado em 26/10/2020, às 15h00 - Atualizado em 04/08/2023, às 14h58
Na manhã de 15 de dezembro de 1966, o mundo se despediu de um revolucionário da animação que transformou seu pequeno estúdio em um verdadeiro império: Walter Elias Disney, o Walt Disney.
Fascinado pelo futuro, como refletido no EPCOT Center (Experimental Prototype Community of Tomorow), inaugurado em 1982, Disney teria mantido esperanças que o avanço da tecnologia um dia o reviveriam.
Pelo menos é isso que aponta uma teoria da conspiração que diz que o criador de Mickey Mouse teria sido tido seu corpo congelado em criogenia. Afinal, Walt realmente descansa sob uma das atrações de seus parques?
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Pelos seus 43 anos de carreira, Walt Disney se tornou um gigante da indústria cultural. Ao apresentar Mickey Mouse ao mundo, Walt não só revolucionou os filmes de animação, como também fundou a Disneylândia e o Walt Disney World. Hoje, sua marca é um verdadeiro império.
Mas aos 65 anos, Disney estava muito doente. Conforme recorda a PBS, o cineasta sofria há tempos com um doença pulmonar obstrutiva crônica e enfisema — agravados por uma tosse perpétua devido ao seu vício por cigarros e cachimbos.
Em novembro de 1966, semanas antes de sua morte, os médicos identificaram um grande tumor em seu pulmão esquerdo após suas queixas de fortes dores no pescoço e uma constante falta de ar.
Desta forma, Disney foi submetido a uma cirurgia no dia 6 daquele mês, quando especialistas constataram que o câncer de pulmão havia se alastrado por seu corpo. Walt foi submetido a quimioterapia e outros tratamentos, mas nenhum surgiu efeito.
Por muito tempo o público não teve conhecimento de seu real estado de saúde. Conforme reporta o portal Snops, inicialmente sua ida ao hospital havia sido explicada como o "tratamento de uma antiga lesão no pescoço sofrida enquanto jogava polo" — onde o produtor faria apenas um check-up "pós-operatório de rotina".
A realidade era completamente diferente: Walt Disney estava ficando cada vez mais doente. Mal sabia, mas enquanto supervisionava a construção do EPCOT, a cidade do amanhã, os seus próprios dias seguintes eram incertos.
Em 15 de dezembro de 1966, Walt Disney morreu no Hospital St. Joseph em Burbank, Califórnia. Ou será que não?
Semanas após sua morte, boatos começaram a circular apontando que Walt havia sido congelado na esperança de ser ressuscitado um dia. Mas de onde surgiu isso? Há algo de verdadeiro nesta história?
Os primeiros rumores surgiram no início de 1967. De acordo com a PBS, um repórter do tabloide The National Spotlite afirmou que jornalistas entraram no Hospital St. Joseph após a morte de Disney e o encontraram em um cilindro criogênico.
Dois anos depois, a revista francesa Ici Paris e o jornal norte-americano The National Tattler endossaram a teoria, afirmando, inclusive, que Walt Disney já teria data para ser descongelado e reanimado: o ano de 1975.
A teoria sem fundamento até mesmo alegou que o corpo do criador do Mickey estava armazenado em um freezer embaixo da atração Piratas do Caribe — inaugurada em 1967, uma das últimas atrações supervisionadas por Walt Disney na Disneylândia.
Muitos acreditaram no rumor visto o fascínio de Walt pela ficção científica e pelo futuro, como refletido no EPCOT, que reflete a visão de Walt Disney para uma sociedade utópica, aponta o All That Interesting.
"Não acredito que haja um desafio em qualquer lugar do mundo que seja mais importante para as pessoas em todos os lugares do que encontrar a solução para os problemas de nossas cidades", disse Disney sobre o EPCOT, conforme os arquivos da Walt Disney.
Mas por onde começamos? Bem, estamos convencidos de que devemos começar com a necessidade pública. E a necessidade não é apenas de curar os velhos males das velhas cidades. Achamos que a necessidade é começar do zero em terras virgens e construir uma comunidade que se tornará um protótipo para o futuro", continua.
Além disso, perto do fim de sua vida, o produtor deixou uma declaração final filmada destinada aos seus chefes de departamento. Na gravação, Disney expressa seus desejos para o futuro da empresa e encerra dizendo "espero vê-los em breve".
É bem provável que Walt tenha escutado a respeito da preservação do tecido e técnicas de criogenia, visto que diversos textos científicos sobre o assunto surgiram no final dos anos 1950 e início dos anos 1960.
Em 1964, por exemplo, Robert CW Ettinger publicou o livro The Prospect of Immortality, onde discute as implicações éticas, legais e práticas do congelamento criogênico. Ettinger se mostrou totalmente otimista sobre a futura implementação do congelamento criogênico para a humanidade.
"Se a civilização perdurar, a ciência médica deverá eventualmente ser capaz de reparar quase qualquer dano ao corpo humano, incluindo dano por congelamento e debilidade senil ou outra causa de morte", argumentou em seu livro.
Não importa o que nos mata, seja a velhice ou a doença, e mesmo que as técnicas de congelamento ainda sejam grosseiras quando morremos, mais cedo ou mais tarde nossos amigos do futuro devem estar à altura da tarefa de nos reviver e curar."
Algumas teorias apontam que Walt Disney possa ter lido esse livro e usado parte de sua fortuna para ser congelado, na esperança de ser revivido algum dia. Mas isso é realmente plausível?
Apesar das inúmeras conspirações, NÃO existem evidências que comprovem que Walt Disney estava ciente ou sequer interessado em criogenia. Além disso, todas as especulações começaram apenas após sua morte.
Grande parte dessas especulações, aliás, foram apresentadas em duas biografias: Disney's World (1986), de Leonard Mosley; e Walt Disney: Hollywood's Dark Prince (1993), de Marc Eliot. Ambas sugerem que Walt ficou fascinado pela possibilidade de prolongar sua vida.
Porém, as obras apresentam erros factuais e contam com afirmações não documentadas, como supostas entrevistas de ex-funcionários da Disney — que podem nunca ter tido ligações com a empresa.
Mas o fato que facilmente refuta qualquer teoria é que a certidão de óbito de Disney mostra que ele foi cremado dois dias após sua morte. Um documento de espólio mostra que a empresa pagou 40 mil dólares ao Forest Lawn Memorial Park, em Glendale — que mantém até hoje seu túmulo.
Sobre Walt Disney não ter tido um funeral que arrastou multidão, uma declaração do próprio criador do Mickey Mouse esclarece isso: "Quando eu morrer, não quero um funeral. Eu quero que as pessoas se lembrem de mim vivo".
Walt Disney jamais será revivido algum dia, mas seu legado continuará vivo para sempre!
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