Em uma relação realmente conturbada, o czar Pedro I detestava seu filho e, ao sentir-se traído por ele, foi capaz do impensável
Pamela Malva Publicado em 26/06/2020, às 08h00
Se existem relações conturbadas entre pais e filhos, o relacionamento entre Pedro I da Rússia e seu herdeiro Alexei Petrovich era o pior que a Casa Romanov já viu. Sempre em conflito, os dois nobres se odiavam, mesmo tendo o mesmo sangue nas veias.
Tudo começou com a mãe de Alexei, Evdokiya Lopukhina, que desdenhava seu esposo com todo o coração. Com raiva, ela influenciou seu pequeno filho e fez com que ele, desde pequeno, detestasse o pai impiedoso.
Quando Evdokiya foi enviada para o convento de intercessão Suzdal pelo próprio Pedro I da Rússia, no entanto, a relação ficou ainda pior. Enquanto Alexei ela apaixonado por arqueologia, seu pai desejava que o jovem dedicasse seus esforços à Rússia.
Contrários em diversos âmbitos, pai e filho sequer aguentavam a companhia um do outro. Em 26 de junho de 1718, há exatos 302 anos, a relação tornou-se tão inflamada que Pedro I fez o impensável e condenou seu herdeiro à morte.
Um pai possessivo
Durante toda a sua adolescência até o início da idade adulta, Alexei nunca contou com a companhia do pai atarefado. Nos poucos momentos em que estavam juntos, inclusive, os dois entravam em conflito e não aguentavam ficar no mesmo ambiente.
Em âmbito político e militar, Pedro I tratava seu filho como uma espécie de pião de guerra e o enviava para onde desejava. Em 1708, por exemplo, Alexei foi obrigado a coletar recrutas em Smolensk e, depois, foi enviado à Dresden por um ano.
O único lado positivo foi que, no último destino, Alexei conheceu e casou-se com a princesa Charlotte de Brunswick-Wolfenbüttel, em outubro de 1711. Pedro I, contudo, queria controlar até mesmo o matrimônio do filho. Certa vez, enviou uma carta para Alexei, questionando: "Por que você não escreveu para me dizer o que achou dela?".
Vida desgostosa
Uma vez casados, Alexei e Charlotte tiveram um bom relacionamento por apenas 6 meses. Nos anos seguintes, o herdeiro da Rússia vivia bêbado e ignorava sua esposa em público. Apesar dos conflitos, no entanto, o casal teve dois filhos.
Em 1714, depois do nascimento de Natalia, Alexei assumiu sua relação adúltera com a finlandesa Afrosinia. Um ano mais tarde, Charlotte faleceu após dar à luz Pedro Alexeyevich, o último herdeiro masculino direto da Casa de Romanov.
No dia do funeral da princesa, Pedro I, que não estava satisfeito com o desempenho do próprio filho, enviou uma carta à Alexei. Na mensagem, o czar exigia que o herdeiro russo retomasse suas atividades para com o Estado.
O começo do fim
Em resposta à carta de seu pai, Alexei afirmou que renunciaria ao trono em favor de seu filho, Pedro Alexeyevich. Em uma manobra planejada, o czar russo aceitou os termos do herdeiro, mas afirmou que ele deveria se retirar da dinastia e se tornar um monge.
Quando recebeu a mensagem, Alexei mal podia acreditar nas exigências cruéis do pai. Insatisfeito, então, fugiu para Viena e abrigou-se no castelo de Sant'Elmo, em Nápoles, com a ajuda do imperador Carlos VI.
Enfurecido com o comportamento do filho, Pedro I sentiu-se insultado. A fuga de Alexei era um verdadeiro escândalo e deveria ser tratada como a traição que foi: o herdeiro teria de voltar à Rússia a todo custo.
Faca de dois gumes
Disposto a cooperar com os desejos do pai, Alexei afirmou que voltaria para sua terra natal apenas como um homem livre. Enganado pelo czar meticuloso, o herdeiro, então, chegou a Moscou, em 31 de janeiro de 1718.
Logo que Alexei colocou os pés no palácio do pai, uma sequência de assassinatos e torturas começou. A fim de isolar seu filho e arrancar confissões de traição, Pedro I matou a mãe, os amigos e os servos do herdeiro russo.
Inconformado, Alexei tentou levar a questão para o senado e o magistrado do país, mas foi surpreendido por uma decisão radical. Ao lado do czar, os homens condenaram o herdeiro à morte por conspirar contra seu pai, em 24 de junho de 1718.
Durante dois dias, Alexei foi açoitado impiedosamente como uma forma de castigo por suas traições. Em 26 de junho (ou 7 de julho de acordo com o novo calendário gregoriano), então, Alexei não resistiu aos seus ferimentos e faleceu, aos 28 anos.
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