A prova ficou marcada na História esportiva e mostrou a solidariedade das competidoras
Redação Publicado em 04/12/2018, às 14h00 - Atualizado em 23/07/2021, às 07h00
Últimos segundos da prova feminina de atletismo dos 10 mil metros das Olimpíadas de Barcelona, 1992. Quem estava prestes a vencer a prova era a sul-africana Elana Meyer, branca. Seu país, boicotado, não participava das Olimpíadas havia quase três décadas, e o motivo era o apartheid, regime cuja política dividiu a África do Sul entre brancos e negros durante quase 50 anos.
O país de Elana estava em transição para a democracia e a atleta representava o retorno sul-africano aos Jogos. Mas a mudança definitiva aconteceu primeiro na pista. Ela teria tentado forçar Derartu Tulu, uma negra vinda da Etiópia, país marcado pela miséria, a ultrapassá-la. Mas a etíope recusou.
Foi nos últimos 30 metros que a ultrapassagem aconteceu, sob aplausos e assovios do público. Derartu venceu e fez história. Tornou-se a primeira africana negra a conquistar uma medalha olímpica de ouro. E não parou por aí. Envolta na bandeira etíope, Derartu esperou a segunda colocada, Elana. Deram a volta olímpica de mãos dadas.
Elana antecipava a queda de uma política segregacionista. Derartu, sétima filha de uma família da etnia oromo, que acredita-se ter sua origem há milênios, convertia-se numa heroína da Etiópia. Voltou aos Jogos na cidade de Atlanta, em 1996, quando terminou a corrida em quarto lugar.
Quatro anos depois, em Sydney, ultrapassaria a conterrânea Gete Wami, tornando-se a primeira mulher a conquistar dois ouros olímpicos em uma corrida como aquela. E continuou: foi bronze na capital grega, em 2004, ficando atrás da chinesa Huina Xing (ouro) e de outra etíope, Ejegayehu Dibaba, que ganhou a prata.
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