Apesar das vidas privilegiadas, alguns monarcas protagonizaram episódios terríveis durante o tempo no trono
Caio Tortamano Publicado em 16/09/2020, às 17h30
Mesmo monarcas cometem gafes de vez em quando, ou até mesmo passam por situações completamente deploráveis. Desde assassinatos a saúde mental, esses personagens inflamam o imaginário popular com histórias bizarras.
Confira abaixo cinco membros da realeza que passaram por situações controversas.
1. Maria I, de Portugal
A começar pelo apelido pelo qual a monarca ficou conhecida, a Rainha Louca tinha uma suposta condição mental que a afastou do poder de Portugal. Embora se acreditasse tratar de um caso de esquizofrenia, Maria na verdade estava em um complexo quadro de depressão, especialmente depois da morte do marido, do tio, da filha, do genro, do filho mais velho e do seu amigo Frei Inácio, a quem ela confessava.
O final de sua vida ficou marcado por tratamentos abusivos, que pioraram sua condição — isso tudo por conta de um diagnóstico completamente errôneo. Como se estivesse sobre uma real loucura, e não um estado depressivo com trocas repentinas de humor, foi presa em camisas de força, tomou remédios potentes que não faziam efeito, banhos forçados de água gelada e choques elétricos. Morreu aos 81 anos, no Convento do Carmo, no Rio de Janeiro, sozinha e infeliz.
2. Carlos VI, da França
Também conhecido como Louco, Carlos subiu ao trono com apenas 11 anos de idade, mas só começou a governar propriamente com 21. O começo de seu reinado foi de esperança, especialmente por ter assumido durante a Guerra de Cem Anos, mas a medida que foi envelhecendo mostrou sinais de instabilidade emocional, esses provenientes de uma possível esquizofrenia.
Durante uma caça, ele teve um acesso de raiva e matou quatro de seus cavaleiros sem a menor razão utilizando uma espada até ser contido. Um ano depois do ocorrido sua situação se agravou. O monarca não lembrava o próprio nome nem quem era sua mulher, passou boa parte da vida acreditando ser São Jorge, e era constantemente visto correndo nu. Acreditando ser de vidro, não deixava ninguém o tocar, e não tomava banho com medo que pudesse quebrar na água.
3. Carlos II, de Navarra
Depois de uma série de massacres e fracassos militares, o rei Carlos tinha uma popularidade baixíssima em Navarra. Quando ficou debilitado e de cama, de 1386 para 1387, as pessoas acreditavam se tratar de uma punição divina. O médico do rei sugeriu que seu tratamento fosse um relativamente comum para a época: cobrir o corpo todo com faixas embebidas em conhaque.
Antes de colocar o último pedaço, a enfermeira não conseguia mais enxergar direito no aposento real pois a noite já tinha caído, e pegou uma vela para ver melhor o que estava fazendo, e sem querer ateou fogo no monarca, matando-o na hora. Acreditando se tratar de uma vontade celeste, ninguém lamentou a morte de Carlos, e a enfermeira fugiu do reino, sem mais registros de que teria acontecido algo com ela.
4. Sultão Ibrahim, do Império Otomano
Crescendo preso a um harém, a vida de Ibrahim se resumia a luxo e orgias, desenvolvendo alguns desejos um tanto quanto bizarros e obscuros. Isso se explica, também, pela infância traumática onde teve que superar a morte de todos os seus irmãos, sendo as mulheres sua única forma de distração, especialmente quando assumiu o sultanato.
Seu prazer mais bizarro envolvia vacas, das quais ele era fascinado pela genitália. Um exemplar de uma vaca foi reproduzido em ouro, e foi enviado por todo o (enorme) Império Otomano para encontrar a mulher que tivesse a vagina mais parecida com a do mamífero — e encontrou. A mulher pesava 149 quilos e foi apelidada de Sechir Para, que significava Torrão de Açúcar — era uma das preferidas de Ibrahim, alcançando veloz ascensão.
5. Ivan, o Terrível
Terrível é a alcunha que melhor identifica o líder em toda a história de sua vida, e não foi por menos. Fundador do czarismo russo, Ivan Grozny era extremamente agressivo, com violentas crises de raiva que marcaram sua vida, apesar de ser notoriamente inteligente e culto. Em um desses episódios, inclusive, matou seu filho e herdeiro, Ivan Ivanovich.
Desde o fim da Guerra da Livônia, a relação de pai e filho começaram a esquentar, isso porque o pai assinou um tratado de paz, algo que Ivanovich não aceitou. De natureza cruel, o filho do czar assistia sessões de tortura por própria vontade. Em um surto de raiva, Ivan, o Terrível, descontou o ódio que sentia pelo filho na mulher dele, que estava grávida, as agressões resultaram em um aborto. Quando soube disso, Ivanovich partiu violentamente para discutir com o pai, então, o rei o golpeou na cabeça com um cetro, matando o primogênito.
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