Casa Gucci: saiba o que é verdade e o que é ficção no filme

Produção lançada em 2021 e dirigida por Ridley Scott, "Casa Gucci" chega à TV aberta neste sábado, 14, através do Supercine, na TV Globo.

O filme transforma a turbulenta história da dinastia Gucci em um espetáculo dramático repleto de glamour, intriga e tragédia.

Inspirado no livro "Casa Gucci: uma História de Glamour, Ganância, Loucura e Morte", de Sara Gay Forden, o longa combina eventos reais com toques de ficção para intensificar sua narrativa. Mas até onde a história contada no filme é fiel à realidade?

1. Primeiro encontro (ficção)

A trama do filme explora o romance entre Maurizio Gucci (Adam Driver) e Patrizia Reggiani (Lady Gaga), retratado de forma tão dramática quanto romântica. No longa, Patrizia conhece Maurizio em uma festa e o confunde com um barman, uma cena que destaca sua falta de familiaridade com o mundo da elite italiana.

Mais tarde, ela o persegue de maneira caricata, chegando a escrever seu número de telefone com batom na Vespa dele. Na realidade, entretanto, o encontro foi menos teatral.

Os dois se conheceram em 1970, em uma festa organizada por uma amiga em comum. Patrizia, já informada sobre Maurizio, reconheceu-o imediatamente, e ele, impressionado por sua semelhança com Elizabeth Taylor, foi quem deu o primeiro passo, explica a Vulture.

2. Desprezo pela nora (fato)

A resistência de Rodolfo Gucci (Jeremy Irons), pai de Maurizio, ao casamento com Patrizia é um elemento fiel à realidade. No filme, ele expressa desprezo pela nora, considerando-a vulgar e ambiciosa.

De fato, essa desconfiança gerou uma ruptura na relação entre pai e filho, levando Maurizio a abandonar a família temporariamente e trabalhar na empresa de caminhões do pai de Patrizia. Essa tensão inicial é uma das muitas disputas familiares exploradas ao longo do filme.

3. A frustração de Paolo Gucci (ficção)

O conflito entre os membros da família Gucci, especialmente envolvendo Paolo (Jared Leto) e Aldo Gucci (Al Pacino), é uma parte central da narrativa. No filme, Paolo é retratado como um designer medíocre e excêntrico, frequentemente ridicularizado pela família por suas ideias ousadas.

Porém, na vida real, suas coleções, incluindo uma linha de roupas esportivas, foram bem-sucedidas. Além disso, Paolo desempenhou um papel importante na criação do icônico logotipo GG da Gucci, uma contribuição muitas vezes negligenciada, repercute a Vulture.

O longa também mostra Patrizia manipulando Paolo para trair seu pai, entregando informações fiscais comprometedoras à Receita Federal. Na realidade, Paolo agiu sozinho, frustrado com a falta de transparência financeira da empresa.

4. Fuga (fato)

Entre as cenas mais dramáticas está a fuga de Maurizio para a Suíça, mostrada no filme como uma ousada escapada numa motocicleta para evitar ser preso após acusações de fraude fiscal.

Este evento realmente aconteceu. O magnata cruzou a fronteira disfarçado, temendo ser reconhecido pelas autoridades italianas.

5. Vidente (depende)

A relação de Patrizia com Pina (Salma Hayek), uma vidente televisiva, também mistura realidade e ficção.

No filme, as duas se conectam inicialmente por telefone, e a relação é retratada como quase sobrenatural, com Pina desempenhando um papel significativo no planejamento do assassinato de Maurizio.

Na vida real, Patrizia conheceu a vidente em um spa, e as duas se tornaram amigas rapidamente. A colega, inclusive, foi intermediária no crime. Embora o filme sugira que Pina pode ter habilidades psíquicas genuínas, essa conexão é um elemento inventado para aumentar o drama.

6. Contratação de assassinos (depende)

O assassinato de Maurizio Gucci é o ponto culminante da trama e uma das poucas partes que permanece quase inalterada. Após seu divórcio, ele planejava se casar com Paola Franchi.

Motivada por vingança e ganância, Patrizia contratou assassinos para executar o crime, que ocorreu em 27 de março de 1995. No filme, Lady Gaga entrega uma performance poderosa, ameaçando os assassinos com frases como "Não erre".

Na realidade, embora Patrizia tenha dado instruções diretas, Pina inicialmente serviu como intermediária, recrutando os cúmplices. O crime resultou na condenação de Patrizia em 1998, e ela cumpriu pena até 2016.

Alguns elementos do filme, porém, são puras invenções. A famosa frase “Boof!”, usada repetidamente por Paolo para expressar frustração, é uma criação de Jared Leto.

No final, "Casa Gucci" mistura de forma habilidosa fato e ficção para construir uma narrativa impactante. Embora muitos dos eventos retratados sejam baseados em acontecimentos reais, o filme se permite dramatizações e invenções criativas para intensificar os conflitos e tornar a história ainda mais atraente para o público.