Fotografia da atriz Audrey Hepburn - Divulgação
Personagem

"Eu estive lá, e tudo isso aconteceu”: Audrey Hepburn vivenciou os horrores do Nazismo antes de se consolidar em Hollywood

Ao ser convidada para interpretar Anne Frank no cinema, a estrela percebeu que a sua trajetória muito se parecia com a da menina judia, chamando-a de "minha irmã da alma"

Isabela Barreiros Publicado em 05/02/2021, às 17h30

Durante mais de dois anos, Anne Frank registrou o dia a dia no chamado “anexo secreto”, um esconderijo em Amsterdã, na Holanda, em seu diário. Foi nesse local que sua família viveu clandestinamente, numa tentativa de se esconder da polícia nazista e dos campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial.

A Alemanha Nazista já ocupava os Países Baixos há pelo menos dois anos. Os Frank haviam mudado para a Holanda dez anos antes, após ascensão de Hitler, visto que eram judeus alemães tentando fugir dos horrores causados pelo regime. No país, porém, mesmo quem não era judeu sofria com a ocupação. Audrey Hepburn foi uma dessas pessoas.

"Nós nos mantínhamos com uma fatia de pão feito com qualquer cereal e um prato de sopa aguada elaborada com uma só batata. Os que suportávamos isso continuávamos com vida, e se continuávamos com vida então não estávamos mortos", escreveu a atriz em seu diário em meio ao conflito. Sim, foi assim que a famosa atriz descreveu sua vida na juventude — situação singularmente parecida com a de Anne.

Foto de Anne Frank / Crédito: Wikimedia Commons

 

As duas viveram a invasão hitlerista na Holanda. Sofreram com as consequências do regime autoritário, mas não tiveram fins similares. Enquanto a autora do conhecido diário foi deportada para Auschwitz e morreu no campo de Bergen-Belsen, Audrey conseguiu sobreviver em meio ao caos. Tornou-se ainda um ícone do cinema.

Mais tarde, a artista escreveria: “em minha adolescência conheci a garra fria do terror humano. Eu o vi, o ouvi e o senti. É algo que não desaparece. Não foi um pesadelo. Eu estive lá, e tudo isso aconteceu”. 

As memórias dos terríveis anos não foram embora. Um inverno brutal fez com que Audrey e muitos outros quase morressem de desnutrição. O número de mortes do período em que a Holanda passou por uma fase de escassez de alimentos e disseminação de doenças chegou aos 20 mil. 

Foi por pouco que a atriz não fez parte desse cálculo. Ela relata que, naquela época, teve tanta fome que quase morreu quando comeu cinco tabletes de chocolate de uma vez, dados por um soldado estadunidense com a liberação do país. 

Cena do filme Bonequinha de Luxo (1961) / Crédito: Divulgação

 

Além de horríveis lembranças, a situação também rendeu-lhe mazelas físicas. Por mais que fosse apaixonada por balé, não conseguiu seguir na prática. Talvez os abortos sofridos também fossem consequência desse período. 

Por tudo isso que, quando foi pedida pelo pai de Anne, Otto Frank, para interpretar a menina nos cinemas, ela disse que não conseguiria. "Li O Diário de Anne Frank quando saiu e fiquei destroçada. Eu me senti muito identificada com aquela pobre menina que tinha escrito o que eu tinha experimentado e sentido, e que tinha a minha idade”, explicou a atriz

Os traumas impediram que ela encarnasse a autora do diário. Segundo ela, “em certo sentido ela foi minha irmã da alma”, devido aos problemas que tiveram que enfrentar ainda tão novas. As duas nasceram no mesmo ano: Audrey em 4 de maio e Anne em 12 de junho. As semelhanças, por mais que uma fosse judia e a outra não, eram visíveis, e impactaram tanto a atriz que foi outra pessoa quem aceitou o papel no filme. 


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