Para chegar à Bolívia ileso, o guerrilheiro comunista ficou calvo e barrigudo
Giovana Sanches e Celso Miranda Publicado em 11/09/2019, às 12h00 - Atualizado em 21/05/2021, às 07h30
Já era tarde da noite de 3 de novembro de 1966 quando o diplomata Adolfo Mena González, de 38 anos, calvo e barrigudo, chegou ao aeroporto de La Paz, na Bolívia. Cansado da longa viagem – havia passado por Moscou, Praga, Viena, Frankfurt, Paris, Madri e São Paulo, como mostrava seu passaporte uruguaio –, declarou aos fiscais da imigração que pretendia levantar dados para a Organização dos Estados Americanos. Liberado, seguiu para o centro da capital, onde se hospedou numa suíte do Hotel Copacabana.
Ali conheceu os irmãos bolivianos Guido e Roberto Peredo e com eles partiu de avião para Cochabamba, a 800 quilômetros de La Paz. Depois de mais três dias de viagem de jipe, chegou às margens do rio Ñancahuazú. Em 7 de novembro, escreveu em seu diário: “Hoje começa uma nova etapa”. Só então revelou sua verdadeira identidade: González era, na verdade, o guerrilheiro Ernesto Che Guevara.
Antes de seguir para a Bolívia, o guerrilheiro argentino havia passado alguns meses na República Tcheca. Buscando não ser reconhecido pela CIA, ele recorreu aos serviços do dentista Físin, apelido de Luiz Carlos García Gutiérrez, escalado junto ao Serviço Secreto do Partido Comunista para deixá-lo o mais diferente possível.
Che transformou-se então em Adolfo Mena González: ganhou prótese dentária, um sapato com solado alto, chapéu, óculos e uma concurda feita com enchimento no paletó. Ao longo de quatro meses, ele circulou com liberdade pelos arredores de Praga, antes de se lançar ao mundo.
"Eu tenho um plano. Se algum dia eu tiver que levar a revolução para o continente [América do Sul], me instalarei na selva, na fronteira entre a Bolívia e o Brasil. Conheço bem o local porque estava lá como médico. A partir daí, é possível pressionar três ou quatro países e, aproveitando as fronteiras e as florestas, você pode trabalhar as coisas para nunca mais ser pego", escreveu ele.
O disfarce funcionou: Che passou ileso pelas autoridades dos países e conseguiu chegar à Bolívia sem ser localizado pela CIA. Entretanto, seus planos de libertação não foram levados até o fim, pois em outubro de 1967 o guerrilheiro seria capturado e morto pelas tropas inimigas.
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