Até o século 19, não existia um padrão único para comparar peso, volume e distância
Felipe Van Deursen Publicado em 01/04/2008, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36
Ricardo pesa 92 quilos, bebe 2 litros de refrigerante por dia e usa o carro para vencer os 2 quilômetros de sua casa até o trabalho. Essas informações são compreensíveis para qualquer pessoa, esteja ela em Osaka, Madri ou Passa Quatro. Antes do século 19, não era assim. Os padrões de pesos, volumes e medidas variavam muito. Na Roma antiga, por exemplo, o sistema de medidas tinha várias unidades, como polegada, pé, onça e libra. Para compará-las, existiam escritórios especializados, com bancadas de comparação. Na Idade Média, cada senhor feudal podia adotar suas próprias medidas. Na França, por exemplo, o pé, que hoje vale 30,5 centímetros, variava de feudo para feudo.
Com o início da era das grandes navegações, intelectuais renascentistas começaram a discutir formas de unificar as medidas, e alguns deles se baseavam em textos antigos – de persas, egípcios e até da Bíblia – para tentar estabelecer unidades universais. Mas essas tentativas encontravam resistência da população. Tudo isso começou a mudar em 1670. Foi quando o padre Gabriel Mouton, de Lyon, criou uma unidade de medida baseada no segmento de um meridiano da Terra. Em 1790, quando a Revolução Francesa derrubou os privilégios feudais, uma comissão científica partiu dos cálculos de Mouton para alcançar um padrão definitivo. “Eles tiveram que determinar o valor através de cálculos baseados em conhecimentos de astronomia”, diz Antonio Piratelli Filho, engenheiro da Universidade de Brasília (UnB). Após uma década de trabalho, o metro foi definido e, a partir dele, nasceram o quilo e o litro.
Transformado em lei em 1799 e espalhado pelo mundo graças à influência da França, o sistema métrico enfrentou resistência – inclusive no Brasil, onde, em 1874, a população da Paraíba invadiu as feiras para destruir balanças. Quanto aos países de língua inglesa, só recentemente eles abriram mão de jardas e galões. Hoje, as únicas nações onde o metro não é oficial são Libéria, Mianmar e Estados Unidos.
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