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Sorriso laminado: aparelho ortodôntico vem do Egito

Corrigir os dentes já era uma preocupação no Egito antigo. Acompanhe a tortuosa história dos aparelhos dentários

01/12/2007 00h00 Publicado em 01/12/2007, às 00h00 - Atualizado em 18/10/2018, às 16h18

Em 1992, pesquisadores ingleses se surpreenderam ao encontrar uma múmia exótica nas margens do rio Nilo, no Egito. A cabeça do cadáver, com idade estimada por arqueólogos entre 3000 e 2500 anos de idade, ostentava uma espécie de aparelho dentário. Era uma tira de metal, que prendia os dentes mais tortos da vaidosa múmia.

Na Grécia antiga, Hipócrates e Aristóteles já teciam conjecturas sobre como corrigir dentes tortos. Para os etruscos, essa preocupação ia mais além: prendiam as arcadas de seus mortos com tocos de madeira para que eles não caíssem no túmulo. Acreditavam que, assim, o falecido manteria um belo sorriso na vida após a morte. Já no século 1 a.C., o fisiologista romano Aurelius Cornelius Celsus escreveu um tratado em que recomendava a pressão dos dedos para corrigir a arcada dentária.

A ortodontia ficou adormecida (como quase tudo o mais) durante a Idade Média. Porém, em 1728, o dentista francês Pierre Fauchard escreveu o livro O Cirurgião Dentista. Nele, dedicou um capítulo inteiro às formas de corrigir os dentes. Fauchard é inventor de um aparelho chamado bandeau (em português, bandô) – uma peça de metal em forma de ferradura de cavalo, que ajudava a expandir a arcada dentária e assim acomodar dentes amontoados uns sobre os outros na boca. O avô do aparelho móvel. Pode ser coincidência, mas data dessa época a expressão “dentes encavalados”.

O marco inicial da ortodontia moderna, contudo, só viria 90 anos depois, quando, em 1819, o doutor francês Gaston Delabarre inventou aquele fio metálico que é fixado entre os dentes. Em 1841, o dentista Joachim Lafoulon criou o termo “ortodontia”. Porém, quem alinhou de vez a nova ciência dos dentes foi o norte-americano Norman W. Kingsley. Em 1880, ele escreveu o Tratado Sobre Deformidades Orais, que exerceu enorme influência até a primeira metade do século 20. O que popularizaria o aparelho dentário, contudo, foi a adoção pelos dentistas do aço inoxidável para fabricação de fios, bandas e braquetes – as três peças que formam o aparelho dentário, o que só veio a ocorrer no fim dos anos 1950.

Até o fim da década de 1970 (quem tem mais de 30 anos lembra), o aparelho dentário era um objeto horroroso, com extensões por fora da boca, conhecidas pelo delicado apelido de estribo. Isso só mudou quando, em 1975, surgiu um adesivo que prendia com sucesso os braquetes diretamente nos dentes. No mesmo ano, um dentista de Beverly Hills, doutor Craven Kurz, inventou o aparelho oculto, cujos braquetes são colados na parte interna da arcada dentária. Sua clientela, formada por artistas de cinema de Hollywood, como a atriz Farrah Fawcett, de As Panteras, incentivou-o a buscar soluções ortodônticas invisíveis. Por fim, em 1997, surgiu o alinhador dentário transparente e removível, criado pela doutora Zia Chishti, também na Califórnia. O provável sonho da múmia egípcia se tornava realidade: sorrir despudoradamente mesmo de aparelho.

Anais da Ciência

Na sala de emergência

Como eram os aparelhos do PS do século 19

Contra febre

Febre, inflamação ou dor aguda? Para combater esses males, a seringa de 28 cm de comprimento (20 vezes mais grossa que as atuais) era usada para retirar líquidos do abdome e do toráx dos pacientes.

De olho em você

Um simples fabricante de óculos holandês, Zacharias Janssen, que viveu no século 16, foi o inventor do microscópio. Mas somente a partir do século 19, com as descobertas de Louis Pasteur, ele foi usado para se fazer um profundo estudo das bactérias.

Sangria desatada

Ventosas assim, feitas de vidro e metal, eram usadas para sangrias. Bastante usada na medicina desde Hipócrates até o século 20, a sangria eliminaria as “impurezas do sangue”, causadoras do “estado mórbido” que, acreditava-se até então, provocava as doenças.

Check-up

Um dos primeiros estetoscópios de que se tem notícia foi criado pelo médico inglês Horace Benge Dobell. Ele foi pioneiro na defesa da necessidade de exame periódico em indivíduos saudáveis. Seu aparelho mede 15,5 cm.

Fora, sanguessuga

No começo do século 20, o sarjador apareceu para livrar o paciente das sanguessugas. Fios de navalha apareciam e sumiam quando era acionada a alavanca.

Todo mundo louco

O primeiro aparelho de anestesia utilizava éter e foi inventado em 1846 por um dentista, William Morton. Este modelo, de 1858, usava clorofórmio e outros anestésicos.
Acervo

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