Potências teriam se mobilizado contra a captura de criminoso de guerra sérvio acusado de genocídio
Guilherme Gorgulho Publicado em 01/11/2007, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36
A captura do antigo chefe político dos sérvios na Bósnia, Radovan Karadzic, foi impedida por intervenções da França, da Rússia e dos Estados Unidos. A revelação foi feita por Florence Hartmann, ex-porta-voz da procuradora-chefe do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPII), Carla Del Ponte, no livro Paix et Chatiment (Paz e Castigo, em tradução livre), lançado em setembro na França. A autora afirma que o fugitivo acusado de genocídio se beneficiou de acusações mútuas trocadas entre Paris e Washington sugerindo que a outra parte teria um acordo secreto para protegê-lo.
Segundo Florence, o ex-presidente francês Jacques Chirac acreditava que os Estados Unidos haviam firmado um compromisso secreto para proteger Karadzic, desaparecido desde 1998, em troca de facilitar as negociações transcorridas em 1995 em Dayton, Ohio (EUA), que puseram fim à guerra civil de mais de três anos na Bósnia. O governo americano, por sua vez, aponta o dedo para a França, que, em troca da libertação de dois pilotos franceses mantidos presos pelos sérvios por três meses, teria assinado um pacto com Karadzic e com o chefe militar bósnio-sérvio Ratko Mladic.
Karadzic está foragido da Justiça há 11 anos, depois de ser condenado por genocídio ao promover o massacre de 8 mil muçulmanos em Srebrenica, em 1995, a maior carnificina ocorrida na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
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