Em 1947, judeus sofreram nas mãos de soldados britânicos
Guilherme Gorgulho Publicado em 01/08/2008, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36
Documentos secretos, recentemente divulgados pelos Arquivos Nacionais britânicos, mostram detalhes do drama de centenas de refugiados judeus que estavam a bordo do navio Exodus com destino à Palestina, quando foram obrigados pela Marinha inglesa a voltar para campos de prisioneiros na Alemanha ocupada do pós-guerra.
Em julho de 1947, um grupo de mais de 4,5 mil judeus sobreviventes do Holocausto embarcou em Marselha com o objetivo de alcançar a Terra Santa. O Reino Unido, que controlava o fluxo de imigração para a região, aportou o navio, mas obrigou os passageiros a voltarem em outras embarcações para a Alemanha depois que uma rebelião impediu a volta para a França.
Na chegada das embarcações menores, que trouxeram os passageiros para Hamburgo, um observador internacional descreveu a cena de 300 militares batendo em sobreviventes do nazismo como uma “terrível imagem mental”. Apesar de o comando da Operação Oásis ter defendido que o resultado poderia ter sido pior, se tivesse utilizado gás lacrimogêneo, como chegou a cogitar, o secretário da seção britânica do Congresso Mundial Judaico, Noah Barou, acusou os soldados de “entrarem na operação como se estivessem em uma partida de futebol americano”. “Pareceu evidente que não explicaram para eles que estavam lidando com pessoas que haviam sofrido muito e estavam resistindo de acordo com suas convicções.”
A desastrada ação britânica, que culminou com a morte de três passageiros e um soldado, causou comoção internacional. O clima político decorrente do episódio teve peso significativo, no ano seguinte, na criação do Estado de Israel, para onde os refugiados foram finalmente enviados.
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