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Guardanapo

Pano para se limpar existia entre os romanos, mas ficou esquecido na Idade Média

Giovana Sanchez Publicado em 01/10/2007, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

Se hoje parece impossível comer macarrão sem um guardanapo para se limpar, na Idade Média isso era normal. Aliás, naquela época, usar um pano durante a refeição podia ser motivo de chacota. Por anos, na Europa medieval, só a nobreza se limpava para comer. O processo era feito geralmente com jarras de água trazidas por empregados antes e depois da refeição. Enquanto isso, os padres, outros membros do clero e os mais pobres limpavam as mãos com pão. Ou simplesmente não limpavam.

Alguns historiadores atribuem a criação do guardanapo a Leonardo da Vinci (1452-1519). O principal motivo é o Codice Romanov, livro de culinária atribuído ao inventor, que traz uma referência ao guardanapo. Mas, muito antes de Da Vinci, na Roma antiga, por volta do século 1, limpar-se com um pano já era comum. Principalmente nos banquetes. Ao chegar à casa do anfitrião, os convidados recebiam toalhas para a refeição. Em seu livro Banquete, o historiador inglês Roy Strong explica que também era comum os convidados trazerem seus próprios guardanapos, “grandes o suficiente para levar para casa qualquer iguaria não consumida”, diz o autor.

Foi apenas no fim da Idade Média que o hábito de usar panos voltou à cena doméstica. E, mesmo assim, era raro. Somente os mais ricos tinham guardanapos e sua utilidade era decorativa. Os panos eram engomados e exibidos como uma forma de arte próxima à escultura de papel. Na descrição de um banquete dado em Roma, em 1513, em homenagem a Giuliano e Lorenzo de Médici, os guardanapos aparecem dobrados como uma gaiola. Quando a peça era aberta pelo convidado, um passarinho saía voando.

Durante o Renascimento, em geral, os homens usavam o guardanapo sobre o ombro esquerdo e as mulheres o deixavam no colo. Para a mestre em História Cultural pela Unicamp Eliane Abrahão, “entre os séculos 17 e 18, nas cortes européias, começou a haver preocupação com o comportamento”. Desde então, o guardanapo passou a ser amplamente usado. Nos anos 70, surgiu a versão descartável.

 

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