Fernando Morais conta a história pouco conhecida do marechal, que sonhava transformar o Brasil em potência aeronáutica
Fernanda Nogueira de Souza Publicado em 01/03/2007, às 00h00 - Atualizado em 18/10/2018, às 12h15
Parece uma ironia que um brasileiro de esquerda tenha se sentido atraído a escrever uma obra sobre um militar. Foi o que fez o escritor Fernando Morais, autor de best-sellers como A Ilha, sobre Cuba, e de Olga, sobre a comunista Olga Benário, e que volta a ocupar o lugar nobre nas livrarias com Montenegro – As aventuras do marechal que fez uma revolução nos céus do Brasil. “Se fosse mais novo, olharia com preconceito. Hoje, aos 60 anos, não sou mais sectário”, diz Morais. “Estou interessado em pessoas que ajudaram a escrever a história do Brasil e cujos feitos não nos contaram na escola.” E o marechal-do-ar Casimiro Montenegro Filho é uma dessas pessoas, segundo o autor. “Esse senhor queria transformar o Brasil em potência aeronáutica e lutou contra tudo e contra todos para atingir seu objetivo”, afirma Morais.
Montenegro criou, em 1950, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), hoje um dos mais respeitados centros mundiais de produção de conhecimento tecnológico. Mas não foi só isso que atraiu Morais. “Ele tinha um traço da personalidade de Indiana Jones. Era um aventureiro.” Montenegro lutou na Revolução de 1930, pilotou o primeiro vôo do Correio Nacional Aéreo, em 1931, e no ano seguinte foi preso durante a revolução paulista por comandar o Destacamento de Aviação de São Paulo e ser “um dos homens de Getúlio Vargas” no estado.
“Escreve sobre meu avô?”
O interesse de Morais pela trajetória de Montenegro foi despertado após duas indicações, uma feita por um amigo do autor, o empresário Márcio Valente, em 2000, e outra por uma garota de 9 anos de idade, Ana Luíza Cecconi, cuja mãe fora casada com um dos filhos do marechal. “Sabe que minha avó Antonietta adoraria que você escrevesse a biografia do meu avô?”, disse a garota ao autor, segundo ele próprio, ao se encontrarem num elevador de um hospital, em 2003. “Quando li o que havia no pacote que dona Antonietta, viúva de Montenegro, me enviou, pensei: ‘Debaixo deste angu tem carne’”, lembra-se Morais. No mesmo ano, o autor assinou um contrato com a Embraer para escrever a biografia. Depois disso, passaram-se três anos, entre pesquisa e criação, até o lançamento do livro, em 2006.
Na obra, Morais retrata a história da amizade de Montenegro com o marechal-do-ar Eduardo Gomes, patrono da FAB. A amizade começou na década de 1920 e terminou na época da criação do ITA, quando Montenegro passou a lutar para que a escola fosse um centro de produção para toda a sociedade, enquanto Gomes queria que fosse um centro técnico de apoio à FAB. “A amizade deles acabou ali, mas eles voltaram a ficar juntos após a morte, já que estão sepultados a meio metro de distância um do outro”, conta Morais. Morto em 2000, aos 95 anos, Montenegro foi enterrado com honras militares na Cripta dos Voadores, no cemitério São João Batista, no Rio.
Montenegro
Fernando Morais - Planeta - R$ 39,90 - 352 páginas
A história de um dos mais importantes confrontos navais do mundo antigo, ocorrido em 480 a.C., é o tema de A Batalha de Salamina, do historiador americano Barry Strauss. Com base em descobertas arqueológicas, ciência forense e até meteorologia, o autor explica como a frota grega, em desvantagem numérica, conseguiu derrotar a armada persa. O livro detalha a participação das principais figuras, como Temístocles, o comandante ateniense que traçou os planos da vitória; Xerxes, o rei persa bom em combates terrestres, mas pouco versado em guerra naval; Ésquilo, o dramaturgo que participou da batalha e depois a imortalizou no teatro; e Artemísia, a rainha de ascendência grega e cária e, caso único entre mulheres, uma das comandantes mais fiéis de Xerxes, que tornou a derrota persa uma vitória pessoal.
Cruzex III - Aeronaves e Unidades
Oswaldo Claro - Adler - R$ 30 - 56 páginas
O livro traz 166 imagens da Operação Cruzeiro do Sul (Cruzex), realizada pela Força Aérea Brasileira a cada dois anos desde 2002. O exercício de guerra simulada é tido como uma referência em planejamento e organização no Hemisfério Sul.
Homens em Armas
Evelyn Waugh - Nova Fronteira - R$ 39,90 - 304 páginas
Primeiro livro da trilogia “A espada de honra”, esta obra de ficção trata da saga de um aristocrata inglês, Guy Crouchback, na Segunda Guerra. Membro das forças britânicas de defesa interna, sua unidade militar vive a eterna espera de uma ação.
A Batalha de Salamina
Barry Strauss - Record - R$ 49,90 - 364 páginas
Guerra no Coração do Cerrado
Maria José Silveira - Record - R$ 39,90 - 272 páginas
Neste romance, Maria José Silveira, nascida em Jaguará (GO), conta a história da colonização do estado pelos portugueses no fim do século 18 e das batalhas entre brancos e índios que ocorreram na época.
O Inverno da Guerra
Joel Silveira - Objetiva - R$ 28,90 - 176 páginas
Parte da coleção “Jornalismo da Guerra”, o livro traz o clássico relato do jornalista Joel Silveira sobre a Segunda Guerra Mundial. O brasileiro, então com 26 anos, cobriu a campanha dos soldados brasileiros na Itália, durante nove meses.Oswaldo Aranha: O brasileiro que presidiu a assembleia que determinou a partilha da Palestina
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