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Capítulos de História Colonial: Uma nova história do país

Capistrano de Abreu deu voz aos excluídos em Capítulos de História Colonial.

Sergio Amaral Silva Publicado em 01/02/2008, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

Desde a juventude, João Capistrano de Abreu sonhava em escrever o que tratava por “nova história” do país. Queria rever a única grande obra que existia à época, História Geral do Brasil, de Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878). Paulista de Sorocaba e homem de confiança de dom Pedro II, Varnhagen escrevera os cinco volumes de seu livro com patrocínio imperial.

O jornalista Capistrano de Abreu, um historiador autodidata, só conseguiu realizar seu sonho aos 54 anos, em 1907, com a publicação de Capítulos de História Colonial. Para o livro, o autor fez extensas pesquisas e descobriu várias fontes inéditas para o conhecimento da história do Brasil colônia. Embora tenha sido criticado por outros historiadores por não ter conseguido fazer realmente uma obra-prima sobre a história do país, Capistrano inovou em seu livro e deu voz aos “excluídos”. O primeiro capítulo, por exemplo, tem como título “Antecedentes indígenas” – a história do Brasil de Varnhagen começava apenas em 1500. O livro de Capistrano tem outros dez capítulos – um dos mais originais é o nono, “O sertão”. Nele, o autor analisa como a expansão territorial determinou o surgimento de diferentes formas de organização social num mesmo Brasil.

Nascido no Ceará em 1853 e morto em 1927, Capistrano de Abreu nunca cursou o ensino superior. Aos 22 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como professor de português e francês. Ingressou depois na Gazeta de Notícias e, em 1883, substituiu o poeta Gonçalves Dias como professor de história no Colégio Pedro II. Em 1889 passou a dedicar-se apenas ao jornalismo e à pesquisa histórica.

Apesar das imperfeições e omissões – a maior delas sobre a Inconfidência Mineira, que para Capistrano de Abreu não foi importante –, seu livro conseguiu mudar o foco da história do Brasil colônia, que era a ação dos colonizadores portugueses. Com Capítulos..., a sociedade brasileira, múltipla e diversificada, passou a ocupar o lugar central. Não é exagero dizer que o clássico abriu caminho para uma nova geração de autores, como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Jr.

 

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