Embora a mumificação tenha evoluído ao longo de milênios, uma cidade na Colômbia chama atenção por mumificar seus mortos naturalmente; entenda!
Publicado em 11/05/2024, às 19h00
Praticamente inerente à humanidade, o respeito aos mortos e aos rituais funerários levaram ao surgimento de várias formas de cuidar dos que se foram ao longo da história. Por volta do século 4 a.C., por exemplo, os egípcios desenvolveram os primeiros métodos de mumificação, para preservar os restos mortais pela posteridade.
Por todo o mundo, porém, podem ser encontradas múmias, que foram preservadas das formas mais variadas. Seja com diferentes processos de conservação — sendo, atualmente, o mais avançado o embalsamamento, como aconteceu com o corpo de Lenin — ou naturalmente, devido às condições climáticas, as múmias podem ser vistas em diferentes contextos e períodos históricos.
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Sobre as múmias naturais, são vários os fatores que podem colaborar para o processo de mumificação sem a interferência humana: desde climas secos e quentes, com ventos ou mesmo extremamente frios.
Porém, em uma cidade na Colômbia, seus moradores presenciam um mistério bastante intrigante: muitos de seus mortos inexplicavelmente foram mumificados e, assim, preservados pela posteridade. Mas como? Entenda!
Conforme descrito pelo New York Post, a cidade montanhosa colombiana de San Bernardo possui muitos de seus moradores falecidos preservados espontaneamente sem a necessidade da interferência humana, inclusive mantendo roupas, cabelos e, por vezes, até mesmo os olhos praticamente intactos.
Esses cadáveres, muito pertencentes a pessoas nascidas ao longo do século passado, foram exumados e descobertos pela primeira vez na década de 1950, depois de San Bernardo ter sofrido uma inundação que levou à necessidade de realocar mortos.
O que pareceu surpreendente e um acontecimento único a primeiro momento, conforme os corpos eram exumados, foi se mostrando cada vez mais admirável, com cada vez mais múmias sendo encontradas. No auge das exumações, que se deu na década de 1980, até 50 cadáveres eram desenterrados por ano.
Com as surpreendentes descobertas, cerca de uma dúzia dos cadáveres mais bem preservados foram colocados em exibição no Mausoléu de José Arquimedes Castro, e podem ser visitados por aqueles que passam pela cidade.
Ela ainda tem o rostinho moreno, redondo, as tranças, os cabelos", descreve Clovisnerys Bejarano à AFP, conforme repercutido pela Science Alert, cuja mãe, uma das múmias mais bem preservadas, morreu há 30 anos.
Embora sejam conhecidas muitas formas de mumificação natural pelo mundo, a razão por trás desse misterioso processo ocorrido em San Bernardo ainda é um mistério para os moradores locais.
Segundo Rocio Vergara, guia do Museu das Múmias do cemitério da cidade, muitos acreditam que isso seria como uma bênção para pessoas que foram "boas demais" em vida; embora outros o considerem uma forma de castigo.
Moradores também creem que o fenômeno possa ser provocado pela dieta local, com bastante guatila e balu — duas frutas indígenas comuns na região —, mas esta também é uma teoria suspeita, visto que até mesmo as roupas dos cadáveres podem ser encontradas bem preservadas.
Especialistas, por sua vez, acreditam que as mumificações tenham ocorrido devido ao local de sepultamento dos corpos, em câmaras áridas acima do solo que, fechadas, podem colaborar com o embalsamamento natural ao desidratar os corpos.
O vento sopra constantemente porque está quente", aponta a antropóloga da Universidade Nacional da Colômbia, Daniela Betancourt. "É possível presumir que os cofres funcionam como um forno… eles desidratam você".
De qualquer forma, ainda não há uma explicação definitiva para tal fenômeno. Para Bejarano, por exemplo, isso não importa: "Se Deus quis preservá-la [falando de sua mãe], deve ser por uma razão".