Criado em 1980, o jornal francês é conhecido por seus artigos em tom satírico e sua comercialização apenas em anos bissextos
Todo dia 29 de fevereiro, chega às bancas francesas uma nova edição do jornal “La Bougie du Sapeur”. Nesta quinta-feira, não foi diferente. O veículo satírico, que apresenta noticias atuais em tom de piada, publica neste ano sua 12ª edição. Criado em 1980, ele é o único jornal quadrienal do mundo, comercializado apenas no último dia de fevereiro em anos bissextos.
Com seus 44 anos de história, a curiosidade e a exclusividade conquistam os leitores. Hoje em dia, ele possui 20 páginas e é vendido por € 4,90, cerca de R$ 26,50. Disponível em quiosques e bancas da França, Bélgica, Luxemburgo e Suíça, possui uma tiragem de 200 mil exemplares.
Conforme repercutido pelo jornal O Globo, trata-se de um veículo dividido em editorias de assuntos internacionais, cultura, esporte, política e até mesmo fofocas. Porém, apresenta um diferencial: todos os artigos são produzidos com um toque de humor.
A iniciativa começou como uma brincadeira de um grupo de amigos, que incluía um único jornalista da Agence France-Presse (AFP). Fãs de jornais antigos, os criadores escolheram um título que faz alusão ao cartunista Christophe, criador do personagem Sapeur Camember, um soldado humorista nascido em 29 de fevereiro. Intitulado “A Vela do Sapador” em português, o jornal simboliza sua vela de aniversário.
A primeira edição teve um sucesso inesperado e, após sua publicação, eles decidiram continuar com o projeto. Hoje, o grupo é composto por dez membros, incluindo alguns jornalistas.
As vendas garantem que o jornal, sem anúncios, financie sua próxima edição e doe parte de sua receita à associação “À tire-d'aile”, que oferece apoio a pessoas com autismo e epilepsia. Na última edição, lançada em 2020, foram vendidos 120 mil exemplares.
Na capa do caderno de 2024, a manchete é “Seremos todos inteligentes”, em alusão ao avanço da inteligência artificial. Esta edição também mescla entrevistas reais e fictícias, artigos provocativos, como “o que os homens devem saber antes de se tornarem mulheres”, além de comentários variados sobre os acontecimentos dos últimos quatro anos.