Conhecido como General Butt Naked, estima-se que ele tenha contribuído para a morte de mais de 20.000 pessoas
Victória Gearini Publicado em 31/05/2022, às 13h25
Joshua Milton Blahyi, mais conhecido pelo pseudônimo de guerra General Butt Naked, atuou como comandante das forças de Roosevelt Johnson durante a Primeira Guerra Civil da Libéria. Ocorrido no início da década de 90, estima-se que este conflito tenha feito mais de 20.000 vítimas fatais, que foram submetidas a sacrifícios humanos e canibalismo.
Aos 11 anos de idade, Blahyi foi iniciado como sacerdote da tribo Sarpo, na Libéria. Nesta mesma época, participou de seu primeiro sacrifício humano, que durou cerca de três dias. Durante a Comissão para Verdade e Liberação da Libéria, realizada em 2008, Blahyi decidiu revelar ao mundo todas as atrocidades que presenciou neste período. Segundo o sacerdote, práticas de sacrifícios humanos e canibalismo de crianças eram comuns para aumentar o poder dos guerreiros.
Mais tarde, Blahyi foi nomeado sumo sacerdote e conselheiro espiritual do presidente liberiano Samuel Doe. Os líderes, segundo ele, eram escolhidos a partir das habilidades físicas, por meio de uma luta tradicional onde os vencedores eram autorizados a assassinar e mutilar os oponentes, como demonstração de força. O último a sobreviver assumia a liderança da tribo.
Era comum que Blahyi e seu exército lutassem nús, utilizando apenas sapatos e armas, já que, para ele, a nudez caracterizava proteção. Segundo o documentário baseado em sua vida, produzido pela revista Vice, The Vice Guide to Liberia, Blahyi escolhia geralmente crianças para sacrificar, pois seus sangues seriam os preferidos entre os deuses.
“Às vezes eu entrava na água, onde as crianças brincavam. Mergulhava na água, pegava uma, carregava-a e quebrava o pescoço. Às vezes eu causava acidentes. Às vezes eu apenas os abatia. Os sacrifícios humanos incluíam a morte de uma criança inocente e a retirada do coração, que era dividido em pedaços para nós comermos", disse Blahyi em entrevista ao Seattle Post-Intelligencer.
Em 2006, Blahyi lançou uma autobiografia em que revelou documentos e imagens inéditas que comprovam estas práticas. Pouco tempo depois, o ex-comandante disse, ainda, ao jornal Estrela da África do Sul que constantemente tinha experiências sobrenaturais, que ele acreditava serem obras de forças malignas.
"Antes de liderar minhas tropas para a batalha, ficávamos bêbados e drogados, sacrificávamos um adolescente local, bebíamos o sangue, depois nos despíamos e entrávamos na batalha, usando perucas coloridas e carregando bolsas que saqueávamos de civis. Abatíamos qualquer um que víssemos, cortávamos suas cabeças e as usavávamos como bolas de futebol. Nus, sem medo, bêbados e estratégicos. Matamos centenas de pessoas — tantos que perdi a conta”, disse Blahyi ao jornal Estrela da África do Sul.
Em 1996, quando a guerra civil na Libéria estava chegando ao fim, Blahyi decidiu se converter para o cristianismo. Durante a Comissão para Verdade e Liberação da Libéria, ele disse ter ouvido a voz de Deus e posteriormente avistado a imagem de Jesus Cristo. Em 1997, Blahyi viajou para o campo de refugiados de Buduburam no Gana, onde afirmou ter encontrado forças para se converter de vez.
Atualmente, Blahyi é o Presidente dos Ministérios Evangélicos de Trem do Fim dos Tempos, com sede na Libéria. Posteriormente, casou-se com Josie Blahyi, com quem teve quatro filhos chamados Michaela, Joshua Milton Jr., Janice Marva e Jackie MaryBeth.
Desde sua confissão, o ex-comandante mostrou interesse em ser julgado pelos seus crimes de guerra em Haia. Em outubro de 2016, Blahyi pediu, ainda, para empresários doarem meio milhão de dólares à ONG Jornadas contra a Violência, com o intuito de ajudar na reabilitação de crianças viciadas em drogas, ou que atuaram como soldados.
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