Em 2019, uma pesquisa apontou o que estaria por trás do intrigante relato
Victória Gearini | @victoriagearini Publicado em 14/02/2023, às 16h00
Nascido em 356 a.C., em Pela, Alexandre, o Grande era membro da dinastia argéada. Este membro governou o antigo trono grego da Macedônia, sendo amplamente lembrado nos livros de História. Contudo, sua trajetória foi interrompida precocemente, aos 32 anos.
Discípulo de Aristóteles, Alexandre, o Grande, ascendeu como rei aos 20 anos de idade. Considerado um semideus pelos seus súditos, alcançou grande fama e poder durante o pouco período em que reinou.
Em junho de 323 a.C., o soberano veio a falecer no antigo palácio do rei Nabucodonosor II, na Babilônia. Ao longo dos séculos, sua morte despertou diversas teorias, devido às circunstâncias misteriosas por trás do seu óbito.
Em 2005, o historiador britânico Andrew Chugg levantou a hipótese de que o soberano tivesse sido vítima de malária. O pesquisador se baseou em relatos presentes no diário atribuído a Diogneto de Eritreia, que teria acompanhado Alexandre durante viagens que antecederam a morte do rei.
Segundo Chugg, duas semanas antes de vir a óbito, o governante teria navegado por lugares pantanosos da Babilônia. Partindo deste pressuposto, o historiador defendeu a tese de que ele teria contraído a doença durante a travessia.
Em contrapartida, em 2014, o toxicologista neozelandês Leo Schep publicou um artigo na revista científica Clinical Toxicology, onde afirmou que o monarca teria sido envenenado.
Conforme o estudo, Alexandre, o Grande supostamente teria sido envenenado com a planta Veratrum album, mais conhecida como heléboro branco. Na época, a erva era utilizada para induzir vômito. Todavia, se usada em quantidade exacerbada, poderia levar à morte.
Sabe-se que o corpo do soberano levou cerca de seis dias para começar a se decompor. O fato intrigante despertou a curiosidade da comunidade científica e o que não faltaram foram teorias sobre as causas da morte.
Em 2019, em entrevista à BBC News Mundo, serviço espanhol da BBC, a professora da Faculdade de Medicina na Universidade de Otago, na Nova Zelândia, Katherine Hall, descartou a tese de malária e a hipótese de envenenamento.
A pesquisadora afirmou que o estudo do toxicologista Leo Schep não se encaixava nas circunstâncias da morte de Alexandre, o Grande.
"Em geral, os envenenamentos na Antiguidade eram rápidos, com substâncias altamente letais que agiam rapidamente. Do contrário, a vítima poderia sobreviver tempo suficiente para acusar o autor (do envenenamento)", disse Hall à BBC.
De acordo com os estudos da professora, o soberano teria sido vítima de uma doença autoimune que atingiu parte de seu sistema nervoso, chamada de síndrome de Guillain-Barré. A hipótese mais contundente até o momento, é que ele teria contraído a doença através de uma infecção bacteriana.
"A síndrome de Gullain-Barré é uma reação autoimune na qual o próprio sistema imunológico do paciente fica confuso devido a um organismo infeccioso e começa a atacar os nervos", disse ela.
Como citado anteriormente, o corpo de Alexandre só começou a se decompor seis dias após o óbito. Segundo Katherine Hall, é possível que o rei tenha sofrido de uma paralisia gerada pela síndrome, comprometendo a respiração.
A partir destas análises, a pesquisadora chegou à conclusão de que o governante ainda não estava morto. Isto é, o falecimento teria acontecido seis dias depois do que é relatado nos livros de História.
"Eu queria estimular um novo debate e possivelmente reescrever os livros de história, sustentando que a morte de Alexandre ocorreu, na verdade, seis dias depois do que se pensava", alegou ela à BBC.
Para Hall, este episódio histórico pode ser na verdade mais um caso de falso diagnóstico de morte.
"O diagnóstico de Guillain-Barré como causa da morte explica muitos elementos díspares de maneira coerente", defendeu a autora da nova tese.
Diante da intrigante saga do personagem, sua história é contada no novo podcast do site Aventuras na História: 'Conquistador nato: A saga de Alexandre, o Grande'. Com narração do professor de História, Vítor Soares, idealizador do projeto 'História em meia hora', o novo episódio discute a vida íntima e pública de Alexandre.
Confira o episódio abaixo.
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