Em 1978 o mundo se escandalizou com o suicídio em massa que ocasionou a morte de 918 pessoas
Victória Gearini Publicado em 03/10/2020, às 08h00 - Atualizado em 18/11/2022, às 13h20
Entre as décadas de 1950 e 1960, Laura Johnson cresceu em Washington DC, e aos 22 anos a jovem já era conhecida no ativismo político. Antes de se juntar ao Templo do Povo na Califórnia, Johnson trabalhou ao lado dos Panteras Negras e protestou contra a guerra do Vietnã. Além disso, em 1969 compareceu ao famoso festival de Woodstock. Uma vida normal, até se deparar com os ideiais de um lunático.
O Templo do Povo foi fundado pelo pregador cristão Jim Jones, em Indianápolis, em 1956, até mudar-se para a Califórnia na década seguinte.
Com ideais de benevolência e igualdade racial, o líder dizia aos seguidores que o mundo estaria prestes a enfrentar um apocalipse nuclear e que somente sua comunidade separatista, voltada para o socialismo apostólico, sobreviveria ao fim do mundo. Foi suficiente para uma tragédia.
O grupo religioso liderado por Jim Jones foi fundado a partir de ideais socialistas, promovendo discursos de igualdade e justiça entre todas as origens e raças. Johnson passou a frequentar as reuniões na sede do grupo em Redwood Valley, ao norte da Califórnia, no início da década de 1970.
Com o tempo, Jim Jones queria tornar sua seita ainda mais separatista, e para isso, em 1974 passou a busca na América um lugar longe de drogas e álcool. Assim, em 1977, a jovem se instalou em Jonestown, localizado na Guiana, em meio à floresta amazônica.
Em entrevista à BBC, em 2018, Johnson disse que acreditava que ali havia encontrado seu lar. “Não me preocupei em me mudar para lá. Fui aventureira e fiquei encantada com a oportunidade de morar na floresta”, disse.
Com o passar do tempo o local, que era almejado para ser um “paraíso”, logo se tornou o oposto. Devido deficiências agrícolas, Jonestown foi impedido de ser autossuficiente. Vivendo em pequenas casas comunais, os membros da seita religiosa eram obrigados a trabalhar durante horas em um calor infernal.
Johnson, por sua vez, residiu em Jonestown até outubro de 1978, quando foi convidada por Jim Jones a se mudar para Georgetown, para trabalhar na sede da seita. A mudança repentina de Johnson foi uma estratégia de Jones, que naquela altura estava preocupado com as constantes visitas do congressista da Califórnia, Leo Ryan.
Na época, o político liderava uma investigação contra Jones, após receber denúncias que alguns membros estariam sido mantidos em Jonestown contra a sua vontade. Johnson disse à BBC que Jonestown sofria com falta de alimentos e proliferação de doenças. Além disso, o vício em drogas de Jones, piorava a convivência.
"Seu vício em drogas e seus distúrbios de personalidade estavam piorando. Ele estava cada vez menos capaz de funcionar", disse Johnson ao veículo.
No dia 18 de novembro de 1978, Johnson e outros membros receberam uma mensagem por rádio de Jim Jones, onde dizia que todos em Jonestown estavam morrendo e que os demais membros nas outras sedes deveriam fazer o mesmo.
Na ocasião, dois dos filhos de Jones estavam visitando a capital. Ao escutarem a mensagem, mandaram as filiais desconsiderar a ordem do líder. Enquanto isso na capital, os demais sobreviventes escutavam as notícias dos números de mortos, que atingiu 918 vítimas, entre elas cerca de 300 crianças. Uma tragédia
No final de novembro daquele mesmo ano, Johnson retornou para os Estados Unidos e voltou a frequentar a comunidade do Templo do Povo na Califórnia. Um ano mais tarde, a jovem ingressou em outra comunidade onde conheceu seu marido e em 1995 começou a lecionar, recomeçando a sua vida após sobreviver a Jonestown.
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