Ocorridos 2015, os protestos foram duramente repreendidos pela polícia militar, mas se tornaram um marco no movimento estudantil brasileiro
Victória Gearini Publicado em 18/12/2019, às 19h00
Em 2015, diversos estudantes secundaristas ocuparam mais de 200 escolas em São Paulo em protesto contra a reorganização escolar do até governo de Geraldo Alckmin. Liderado principalmente por mulheres, o movimento logo se espalhou para outras cidades brasileiras e virou um marco pela luta estudantil.
Os protestos foram motivados devido o plano do governo de fechar mais de 100 unidades de ensino na época. Quando o projeto foi divulgado oficialmente, estudantes secundaristas de São Paulo tentaram entrar em um acordo com o governo. Sem resultado, os jovens decidiram ocupar as escolas como forma de protesto.
Na época, as aulas foram suspensas, mas os alunos continuaram estudando e chegaram a desenvolver aulas coletivas sobre disciplinas que, até então, não tinham na rede pública. O movimento conquistou diversos admiradores, entre eles alunos de escolas particulares e universitários que aderiram à causa.
Com idades entre 15 e 18 anos, o movimento foi principalmente liderado por mulheres, um marco na conquista de igualdade entre gêneros e na luta estudantil. Dentro das ocupações, desenvolveram um espaço organizado, com comissões de limpeza, cozinha e segurança, além de promoverem uma série de atividades culturais, como shows e debates.
Embora fosse uma manifestação pacífica, os manifestantes foram duramente repreendidos pela polícia, inclusive as mulheres foram agredidas pelas autoridades. Os secundaristas responderam a estes ataques, recusando ajudas partidárias e estabelecendo uma frente horizontal nas tomadas de decisões.
Pouco tempo depois, o até então governador Geraldo Alckmin, voltou atrás em sua decisão e revogou o projeto. No ano seguinte, o movimento se expandiu para outros estados e passou a combater a precarização do ensino público e gastos públicos.
Lançada pela Editora 34, a obra Ocupar e Resistir foi organizada por integrantes do Núcleo Direito e Democracia do CEBRAP. Nela, os organizadores explicam como os secundaristas transformaram a gestão de suas escolas e como inspiraram nas novas formas políticas da sociedade brasileira. A capa do livro é uma referência as figuras femininas que protagonizaram estes protestos.
A coletânea reúne, ainda, contribuições de pesquisadores de diversas áreas e analisa de forma detalhada as ocupações em São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Ceará, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e Espírito Santo.
+Saiba mais sobre esta e outras obras relacionadas ao assunto:
1. Ocupar e resistir: movimentos de ocupação de escolas pelo Brasil (2015-2016), de Jonas Medeiros, Adriano Januário e Rúrion Melo (2019) - https://amzn.to/38Py7n5
2. Lute como uma garota: 60 Feministas que Mudaram o Mundo, de Laura Barcella e Fernanda Lopes (2018) - https://amzn.to/35yHNjF
3. Histórias de ninar para garotas rebeldes 2, de Elena Favilli e Francesca Cavallo (2018) - https://amzn.to/2r75Jfa
4. Objeto sexual: Memórias de uma Feminista, de Jessica Valenti (2018) - https://amzn.to/36JoEeZ
5. Eu sou Malala: A história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã, de Malala Yousafzai e Christina Lamb (2013) - https://amzn.to/2S4OW7s
Vale lembrar que os preços e a quantidade disponível dos produtos condizem com os da data da publicação deste post. Além disso, assinantes Amazon Prime recebem os produtos com mais rapidez e frete grátis, e a revista Aventuras na História pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação pelos links nesta página.
6 livros para dormir com a luz acesa no Halloween
Incidente do Passo Dyatlov: o mistério por trás da morte dos esquiadores russos
Stephen King: Recomendamos 8 obras para conhecer o mestre do terror
Conheça 8 obras que contam os comoventes relatos de sobreviventes do holocausto
Dia Nacional do Livro: 8 indicações de obras contemporâneas
A verdadeira e sombria história de Pinóquio que deu origem à animação da Disney