Profissionais do sexo viviam a margem da sociedade e eram obrigadas a doar uma parte de seus lucros ao clero
Victória Gearini Publicado em 10/04/2020, às 09h00
Durante a Idade Média (entre 476 d.C a 1453) as prostitutas foram duramente criticadas pela sociedade e passaram a ser consideradas impuras. Atualmente, a profissão ainda é muito atrelada à promiscuidade, sendo considerada um grande tabu pela sociedade.
Durante o período medieval e com a expansão da Igreja Católica a prática passou a ser considerada pecado, para os cristãos. As profissionais do sexo eram obrigadas a doar uma parte de seus lucros para o clero, lei que foi instituída pelo papa Clemente II (1046-1047). Ao mesmo tempo, as prostitutas eram consideradas impuras e pecadoras.
Na Idade Média os homens não podiam sentir prazeres sexuais e o sexo com suas esposas era exclusivamente direcionados para a procriação. Muitos procuravam mulheres que pudessem inverter esse cenário e com isso a profissão se popularizou ainda mais, mesmo sendo imprópria.
Segundo a pesquisa A Aceitação da Prostituta na Sociedade Medieval Cristã, de Cícera Müller, a sociedade cristã aceitava os serviços sexuais dessas mulheres, mas não as consideravam integrantes da comunidade.
“Elas eram temidas, marginalizadas, representadas como seres cruéis, luxuriosos que povoavam o imaginário da sociedade medieval como um dos principais instrumentos do diabo para fazer o homem cair em tentação”, disse a pesquisadora.
A igreja as condenava, mas por muitos anos, o clero financiou alguns prostibulos. Eles usavam o argumento de que isso iria evitar que mulheres consideradas respeitáveis fossem vítimas de estupros e assim continuassem puras.
Em 1254, o rei Luís IX decretou que as prostitutas deveriam ser expulsas das cidades e aldeias francesas, e ainda tomou todos seus bens. Dois anos depois, ele delimitou os locais que elas poderiam frequentar, as confinando em periferias.
O historiador Jacques Rossiaud é especialista no tema. Ele explica em seu livro A Prostituição na Idade Média, que haviam quatro níveis de prostituição neste período histórico, sendo eles: casas públicas que eram controladas pelo Estado, os bordéis particulares, os banhos e as meretrizes autônomas.
Aos 17 anos, as prostitutas da França medieval trabalhavam nas ruas, depois dos 20 anos, vendiam-se em casas de banho e trabalhavam como camareiras e por volta dos 28 anos, muitas viravam pensionistas dos bordéis. Conforme fossem envelhecendo, algumas mulheres se tornavam cafetinas de bordéis, mas ainda havia poucas que se casavam.
A origem da prática é mais antiga do que se possa imaginar. Historiadores encontraram vestígios que comprovam que as primeiras civilizações mesopotâmicas já trocavam sexo por mercadorias ou dinheiro.
Embora seja uma profissão antiga, atualmente carrega as marcas do preconceito estipulado pela sociedade. A profissão acompanhou as mudanças sociais e econômicas, mas ainda é considerada tabu.
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