Nomeadas Vênus, essas esculturas representam um ideal de beleza ou feminilidade
Valdo Resende* Publicado em 26/09/2023, às 20h00
O corpo humano despido sempre causa reboliço. Por exemplo: sabe-se lá por que há diversas deusas da fertilidade, as Vênus da Pré-história, e raríssimos deuses da fecundação. Nomeadas Vênus em alusão à deusa greco-romana por representarem um ideal de beleza ou feminilidade, essas senhoras nos fazem pensar muito! O nu é sempre controverso.
O que pensaram os primeiros observadores da Vênus de Hohle Fels ao observar a escultura pequena, pouco mais de 5 centímetros? O que fizeram com o autor por retratar seios e nádegas tão peculiares? Isso ocorreu por volta de 35.000 a 40.000 anos atrás.
As vênus são sempre batizadas com o nome de onde foram encontradas. A de Lespugue, descoberta na França em 1922, assim como suas colegas, é identificada como deusa da fertilidade, idealizada como grande mãe. A condição materna não pressupõe sexo? Onde estão os pais das crianças? Essa identificação com a maternidade decorre de algum tabu?
Podemos inferir que o corpo humano mudou muito pouco, se considerarmos que há por aí peitos grandes, barrigas proeminentes e nádegas volumosas. Felizmente a Vênus de Savignano esteve livre dos hábitos fitness que rolam por aí. Mas, "escondeu a idade", posto que ainda não conseguiram precisar exatamente quando foi feita.
Com qual intenção o rosto não tem destaque? A Vênus de Amiens-Renancourt, como suas companheiras feitas no período paleolítico, é uma entre tantas que causa incômodo quando se pensa que suas feições foram esquecidas em função do corpo. Isto há 23.000 anos!
A top entre as tops, deixando muitas divas atuais lá embaixo se a ideia for contabilizar citações e imagens publicadas em livros e revistas especializadas, a vênus de Willerndorf foi encontrada na Áustria em 1908. Estima-se que tenha cerca de 22.000 a 24.000 anos.
Imagens esculpidas ou pintadas, fixas em papel ou movimentando-se em vídeos, os nus permeiam a história humana e volta e meia constituem-se em objeto de admiração ou de escândalo. Tudo depende da intenção, do objetivo. Se alimentam a fé, são admirados, se servem à luxúria, são execrados. No mais, são apenas corpos humanos.
*Valdo Resende escreve cotidianamente sobre pintura, escultura, música, teatro, literatura, quadrinhos e poesia. Mestre em artes visuais, dramaturgo e professor, é autor do romance “dois meninos – limbo”, do livro de contos “A sensitiva da Vila Mariana” e da coletânea de crônicas, contos e poesias “O vai e vem da Memória”.
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