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Entenda a 'obsessão' de Donald Trump pela Groenlândia

Donald Trump Jr. visita a Groenlândia, território desejado por seu pai, enquanto questões sobre a soberania da ilha emergem; entenda!

Donald Trump, Groenlândia, Estados Unidos, Dinamarca, território, política, curiosidades Publicado em 08/01/2025, às 19h00

Na última terça-feira, 7, Donald Trump Jr. chegou à Groenlândia, território ártico que seu pai, o presidente eleito Donald Trump, manifestou interesse em adquirir, apesar das reiteradas afirmações do governo groenlandês de que a ilha não está à venda.

Durante a sua visita, Trump Jr. caracterizou a experiência como "um pouco de diversão", destacando seu entusiasmo por atividades ao ar livre em uma declaração à CNN: "Como um homem que aprecia a natureza, estou ansioso para explorar a Groenlândia esta semana".

No entanto, a viagem suscitou questionamentos sobre as intenções de seu pai em relação a este território estratégico do Ártico. Recentemente, Trump voltou a expressar seus desejos de aquisição da Groenlândia, referindo-se à ilha como "uma necessidade absoluta".

Em uma coletiva de imprensa realizada no mesmo dia, quando questionado sobre a possibilidade de usar "coerção militar ou econômica" para garantir a posse da Groenlândia — ou até mesmo do Panamá — ele respondeu: "Não, não posso garantir nenhuma das duas coisas, mas posso dizer o seguinte: precisamos delas para a segurança econômica".

A afirmação de Trump sobre a importância da Groenlândia para a segurança dos EUA é compartilhada por especialistas que também apontam para o potencial dos recursos naturais da ilha, incluindo metais raros que se tornam mais acessíveis devido às mudanças climáticas.

A Groenlândia

A Groenlândia, com mais de 56 mil habitantes, é a maior ilha do mundo e possui uma posição geopolítica única entre os Estados Unidos e a Europa. Sua capital, Nuuk, está localizada mais próxima de Nova York do que de Copenhague, a capital dinamarquesa.

Analistas consideram o território vital para a segurança dos EUA na defesa contra uma possível agressão russa. Ulrik Pram Gad, pesquisador sênior do Instituto Dinamarquês de Estudos Internacionais, observa que o local é essencial para interceptar ameaças marítimas na região estratégica da lacuna Groenlândia-Islândia-Reino Unido.

Fotografia da Groenlândia - Getty Images

 

A história revela que Trump não é o primeiro presidente americano a contemplar a compra da Groenlândia. Em 1867, Andrew Johnson considerou essa possibilidade durante a aquisição do Alasca e, após a Segunda Guerra Mundial, Harry Truman ofereceu à Dinamarca US$ 100 milhões pela ilha. Apesar das tentativas anteriores, nenhuma proposta foi concretizada.

Entretanto, desde 1951 os Estados Unidos mantêm uma base aérea na Groenlândia — conhecida atualmente como Pituffik Space Base — localizada em um ponto estratégico entre Moscou e Nova York. Essa instalação é considerada crucial para o sistema de alerta contra mísseis dos EUA.

Além das questões geopolíticas, os vastos recursos naturais da Groenlândia atraem o interesse dos EUA. Klaus Dodds, professor de geopolítica na Royal Holloway, Universidade de Londres, destaca que os depósitos de petróleo e gás e os metais raros são particularmente valiosos no contexto da transição energética e militar.

Atualmente, a China detém o controle significativo sobre a produção global de terras raras e já demonstrou disposição para restringir as exportações desses minerais. A presença americana na Groenlândia poderia ser vista como uma estratégia para conter essa influência chinesa.

Com as mudanças climáticas provocando o derretimento do gelo na região ártica, novas oportunidades econômicas começam a surgir. As rotas marítimas estão se tornando mais acessíveis durante os meses de verão e espera-se um aumento no tráfego de navegação no Ártico nos próximos anos.

No entanto, especialistas alertam que as condições dessas rotas podem ser traiçoeiras e que o derretimento do gelo não necessariamente facilita o acesso aos recursos naturais.

Contrário à venda

Os governos dinamarquês e groenlandês se posicionaram firmemente contra qualquer ideia de venda do território. O Primeiro-Ministro Múte Egede declarou em suas redes sociais: "Não estamos à venda e nunca estaremos à venda". Kuupik V. Kleist, ex-primeiro-ministro da Groenlândia, afirmou que tal proposta não faz sentido e enfatizou que países não são mercadorias.

A Groenlândia está buscando diversificar sua economia além da pesca e recentemente inaugurou um novo aeroporto em Nuuk para impulsionar o turismo. Contudo, ainda depende significativamente das transferências financeiras anuais da Dinamarca para sustentar sua economia.

Leia também: Groenlândia: Estudo conclui que região não era completamente coberta de gelo há 416 mil anos

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