O país em festa após o fim da guerra - Divulgação/Instituto Moreira Salles
Moda

Durante a Segunda Guerra, brasileiras que queriam se vestir bem precisaram se reinventar

Conflito mundial também trouxe consequências para a vestimenta dos brasileiros

Laura Wie (@laura_wie), especialista em História da Moda Publicado em 30/10/2021, às 08h00

Sobreviver a uma guerra não é  fácil. Sobreviver a um conflito mundial então... No Brasil, a resposta direta ao que conhecemos como Segunda Guerra se deu em 1943, com a necessidade de enviar combatentes brasileiros para a guerra - afinal, navios brasileiros haviam sido torpeados pelo Eixo. Assim, em novembro daquele ano, foi criada a FEB (Força Expedicionária Brasileira).

Para os brasileiros que faleceram na Europa, entre 1944 e 1945, combatendo alemães e italianos é fato: morreram como heróis. No entanto, para os outros 25 mil brasileiros que retornaram ao nosso país, o que se viu foi a luta contra falta de apoio e consequentemente o esquecimento.

A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) trouxe consequências devastadoras, principalmente para os países envolvidos diretamente no conflito, mas entre tantas modificações imputadas na nova organização da sociedade europeia, pelo menos uma foi altamente benéfica: o envolvimento definitivo das mulheres no mercado de trabalho.

Durante os esforços de guerra, a parcela feminina da população abraçou posições nas mais diversas áreas no lugar dos homens que estavam nos fronts. E essas atividades foram preponderantes para o sustento e bem-estar mínimo das famílias durante os anos de maior tensão – funções que se mantiveram no pós-guerra, uma vez que a mulher se projetou em oportunidades que vieram para ficar.

Toda classe feminina na Europa começa a ser vista com outros olhos, em uma visão de respeito e admiração. E uma mulher que exerce atuação profissional precisa se vestir de acordo, claramente de maneira prática, e é claro, sem perder a elegância! Os trajes concebidos para o período da Segunda Guerra, como tailleurs e vestidos justinhos sem exagero de tecido, chegaram também no Brasil.

Apesar de estar longe do combate, nosso país ainda se mantinha fiel ao gosto e modelagens desenvolvidas do outro lado do Oceano Atlântico - normalmente as que vinham de Paris.

Desfile de enfermeira febianas no Brasil /Crédito: Divulgação/Acervo da FEB, Arquivo Nacional

 

Além disso, as brasileiras estavam também se tornando mais informadas, modernas e cosmopolitas (com mais ênfase nas capitais do país) e, dessa forma, o setor do vestuário foi se ampliando gradativamente para englobar não apenas as classes com mais poder aquisitivo – que usavam as réplicas de criações vindas do exterior -, mas a crescente classe média, que consumia roupas acessíveis.

Afinal, foi em 1940 que o governo do presidente Getúlio Vargas, durante o Estado Novo, instituiu o salário-mínimo, o que alicerçou definitivamente a classe média no Brasil.

Saiba mais sobre o guarda-roupa feminino em solo brasileiro durante a década de 1940 através do episódio de hoje do nosso podcast.

Com meu roteiro e narração, você confere agora 'A moda no Brasil: Segunda Guerra Mundial'. 

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