“Nós também amamos o dinheiro mais do que a liberdade”, disseram os criadores da série em irônico pedido de desculpas no Twitter
Fabio Previdelli Publicado em 09/10/2019, às 14h20
South Park é conhecido por tecer críticas debochadas de absolutamente tudo e, como consequência, o desenho vira sempre está envolvido em polêmicas. A mais recente delas foi por causa do segundo episódio da 23ª temporada, no qual o Partido Comunista Chinês é ridicularizado.
O Polêmico episódio
Denominado Band in China, o episódio apresenta duas tramas diferentes. Na primeira delas, Randy, pai de Stan, vai à China para vender maconha, mas acaba na prisão. Lá ele é enviado a um campo de trabalho forçado que serve para doutrinar politicamente chineses e muçulmanos.
Em uma cena o personagem é visto parado na chuva enquanto um guarda lhe dá um choque elétrico. “Sou um membro orgulhoso do Partido Comunista”, lê Randy em um cartão. “O partido é mais importante que o indivíduo”. Depois ele é enviado para uma cela superlotada onde encontra o Ursinho Pooh e o Leitão.
Em 2017, imagens do Ursinho Pooh foram censuradas no país depois que as pessoas passaram a comparar o personagem com o presidente chinês Xi Jinping. “Algumas pessoas disseram que Pooh se parecia com o presidente chinês, então somos ilegais na China agora”, diz o Leitão. ”Que tipo de hospício é esse?”, rebate Randy.
Já na segunda parte, Stan, Jimmy, Kenny e Butters decidem montar uma banda de metal. Com o iminente sucesso, um empresário decide fazer uma cinebiografia do grupo, mas o roteiro precisa ser alterado constantemente para agradar o mercado chinês. “Agora eu sei como os escritores de Hollywood se sentem”, diz Stan.
Apesar de ser uma crítica a indústria cinematográfica americana, o episódio o direciona a Disney. Em um trecho, Mickey Mouse aparece para controlar seus funcionários (entre eles personagens clássicos da Disney e da Marvel), para que sejam mais gentis com os chineses.
O pedido de desculpas
No Twitter, os criadores da série, Trey Parker e Matt Stone, emitiram uma nota oficial com um pedido de desculpas. “Como a NBA, damos as boas-vindas aos censores chineses em nossos lares e nossos corações. Nós também amamos o dinheiro mais do que a liberdade. Xi [Jinping] parece não gostar muito de Ursinho Pooh. Vida longa ao grande Partido Comunista da China! Que a colheita de sorgo deste outono seja abundante! Estamos bem agora, China?”
A referência a NBA se dá depois que Daryl Morey, diretor-geral do Houston Rockets, tuitou na sexta-feira: “Lute pela liberdade, apoie Hong Kong”. O tuite não desceu muito bem e a emissora pública chinesa CCTV cancelou a exibição de dois jogos que serão disputados em Xangai.
Os chineses também ameaçaram retirar o valor que pagaram pelos direitos de transmissão do esporte no país, um valor torno de 1.5 bilhões de dólares. A NBA disse que os comentários de Morey foram "lamentáveis", enquanto o jogador James Harden, astro do Houston Rockets, disse: "Pedimos desculpas. Adoramos a China".
Censuras na China
Desde o momento em que o episódio foi exibido nos Estados Unidos (na semana passada), ao pesquisar South Park no Weibo — serviço de microblog chinês — a página mostra que não foi possível encontrar “nenhum resultado relevante”. O programa também foi removido de diversos sites de vídeos, como o Bilibili, iQiyi, Youku e o le.com.
Ao pesquisar o desenho no China Baidu, o Google de lá, os resultados em destaque são antigos e o principal deles é uma critica ao programa e ao impacto negativo que ele tem nos adolescentes.
Além de South Park e do Ursinho Pooh, o Twitter e o Facebook também não está disponível para a maioria dos usuários. O Google está fora do ar desde maio e a Wikipédia anunciou que o site também está indisponível.
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