O retrato, que havia permanecido ausente das paredes do prédio oficial por anos, teria sido recolocado em 2021
Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 16/11/2022, às 12h32
Em uma entrevista ao The Guardian, um juiz da Hungria que preferiu manter sua identidade anônima revelou que a fotografia de Jenő Szemák, uma figura simpatizante ao regime fascista vivido pelo país entre 1944 e 1945, está atualmente pendurada nas paredes da Suprema Corte húngara.
O prédio possui uma série de retratos das figuras que presidiram o tribunal no passado. O de Szemák, todavia, passou quase uma década vazio. No lugar da fotografia do homem, havia a mensagem: "O retrato de Jenő Szemák, ex-chefe da Kúria, não será exibido por causa de seu papel em tempos difíceis".
Isso porque ele assumiu o cargo durante este período em que um partido de extrema-direita controlava o governo da Hungria, tendo exercido um papel relevante na condução de julgamentos contra os opositores do regime.
Em 2021, porém, teria ocorrido a recolocação discreta de uma foto do falecido juiz na moldura outrora vazia, acompanhada do texto: "Jenő Szemák aceitou a nomeação anticonstitucional do governo Arrow Cross sem compulsão".
O juiz entrevistado pelo The Guardian, por sua vez, descreveu o retorno do retrato como "uma mensagem fortemente simbólica sobre o atual clima político na Hungria".
O Arrow Cross era um partido ultranacionalista e antissemita que entrou no poder através de um golpe. Em seus dois anos de governo, ele ordenou a execução de até 15 mil judeus, e expulsou outros 80 mil do território em uma marcha com destino a campos de concentração nazistas localizados na Áustria.
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