Steven Meiner quer encerrar contrato de cinema após exibição de 'Sem Chão', vencedor do Oscar 2025 de Melhor Documentário
Redação Publicado em 13/03/2025, às 18h30 - Atualizado às 20h07
O prefeito de Miami Beach, Steven Meiner, está tentando despejar o cinema independente 'O Cinema' de um imóvel da cidade e retirar um subsídio de US$ 40.000 após a exibição de 'Sem Chão', documentário vencedor do Oscar que aborda o deslocamento de palestinos na Cisjordânia, informa o The Guardian.
Em um boletim enviado aos moradores na última terça-feira, 11, Meiner classificou o filme como um "ataque de propaganda unilateral falso ao povo judeu" e afirmou que sua exibição não condiz com os valores da cidade e seus residentes. Antes da estreia, o prefeito já havia solicitado que o 'O Cinema' cancelasse as exibições, alegando críticas vindas de autoridades israelenses e alemãs.
Segundo o prefeito, a CEO do cinema, Vivian Marthell, chegou a concordar com a suspensão do filme, mas reverteu sua decisão no dia seguinte. O documentário teve lotação esgotada e levou a novas sessões programadas para março.
"Nossa decisão de exibir 'Sem Chão' não é uma declaração de alinhamento político. É, no entanto, uma reafirmação ousada de nossa crença fundamental de que toda voz merece ser ouvida", declarou Marthell ao Miami Herald.
O caso levantou preocupações sobre censura e liberdade de expressão nos EUA. A American Civil Liberties Union of Florida classificou a retaliação do prefeito como inconstitucional.
"O governo não pode escolher quais pontos de vista o público tem permissão para ouvir, por mais controversos que alguns possam achá-los", disse Daniel Tilley, diretor jurídico da organização, em comunicado.
Advogados e ativistas também se mobilizam contra o que consideram uma interferência governamental perigosa. Adam Steinbaugh, da Fundação para os Direitos Individuais e Expressão (Fire), alertou: "Se a Primeira Emenda não protege o direito de um cinema exibir um filme vencedor do Oscar, algo está seriamente errado".
A polêmica se insere em um contexto maior de repressão ao ativismo palestino nos EUA. Nesta semana, o ex-ativista estudantil Mahmoud Khalil foi detido pelas autoridades de imigração sob alegações não comprovadas de ligações com "atividades pró-terroristas, antissemitas e antiamericanas", segundo o presidente Donald Trump.
Enquanto isso, uma pesquisa recente da Gallup mostra que o apoio a Israel entre os americanos caiu para o menor nível em 25 anos, enquanto a simpatia pelos palestinos aumentou.
Diante da controvérsia, Kristen Rosen Gonzalez, comissária de Miami Beach, disse que compartilha a visão do prefeito sobre o filme, mas alertou contra uma "reação impulsiva" que pode resultar em batalhas judiciais caras. Ela também destacou o "compromisso de longa data do 'O Cinema' com a comunidade judaica".
Segundo o The Guardian, o histórico da cidade também pesa na decisão. Em 2019, Miami Beach foi criticada por remover um retrato de Raymond Herisse, um homem negro morto pela polícia, de um projeto de arte local.
Agora, com a votação marcada para a próxima semana, resta saber se a pressão política levará ao fechamento do 'O Cinema' ou se a defesa da liberdade de expressão prevalecerá.
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