Antigo retrato de George Gordon Byron - Domínio Público via Wikimedia Commons
Literatura

Museu dedicado a Lord Byron será inaugurado na Itália

Museu dedicado ao poeta romancista George Gordon Byron será inaugurado no Palazzo Guiccioli, onde ele viveu romance com esposa do aristocrata proprietário

Éric Moreira Publicado em 25/11/2024, às 11h00

Ainda neste mês de novembro, um museu dedicado ao extravagante e talentoso poeta e satírico britânico George Gordon Byron, mais conhecido como Lord Byron, será inaugurado na Itália. O local funcionará no antigo Palazzo Guiccioli, localizada na província de Ravena, prédio em que o artista viveu um intenso romance com a esposa de um aristocrata — inclusive, proprietário do palácio —, e concluiu algumas de suas obras mais famosas.

A residência, localizada no coração da cidade, foi restaurada pela Fundação Cassa di Risparmio di Ravenna, e será inaugurada para visitação nesta sexta-feira, 29. Lá, os visitantes poderão não só conhecer os cômodos do Palazzo Guiccioli — onde Byron concluiu obras famosas como 'Don Juan', 'Sardanapalus', 'A Profecia de Dante' e 'Peregrinação de Childe Harold' —, como também ver provas de amor guardadas pela condessa Teresa Guiccioli, esposa do dono da propriedade,

Entre essas provações, segundo o The Guardian, estão cartas, joias, mechas do cabelo encaracolado do poeta e até mesmo fragmentos de sua pele queimada pelo sol. O museu também será parcialmente dedicado ao movimento italiano de unificação do século 19, o Risorgimento, graças às conexões entre Byron e os Carbonari, uma rede informal de sociedades revolucionárias secretas, extremamente importante para o processo de unificação da Itália.

A ideia é conectar três aspectos de quem Lord Byron foi – o poeta, o amante e a pessoa orientada para a liberdade", segundo um porta-voz do museu.

Vale mencionar ainda que, segundo a fundação, o museu será o único do mundo dedicado especificamente a Byron, e permitirá que experiências do poeta sejam revividas, para mostrar o que no país que inspirou o artista a concluir várias de suas obras.

Lord Byron

Uma figura bastante extravagante e controversa, Lord Byron se envolveu com incontáveis homens e mulheres ao longo de sua vida. Acredita-se que ele tenha se relacionado com mais de 250 mulheres, e até mesmo teve uma filha com Claire Clairmont, meia-irmã de Mary Shelley, a autora do clássico Frankenstein. Até que, em 1816, ele fugiu da Inglaterra para a Europa continental, deixando para trás seus casos escandalosos e dívidas.

+ Traições, orgias e amor livre: A turbulenta vida sexual de Lord Byron

Nesse tempo, viajou para a Bélgica e para a Suíça, antes de explorar a Itália. Primeiro, se estabeleceu em Vezena, depois foi para Roma e, em 1819, retornou para Veneza, onde conheceu a Condessa Teresa Guiccioli, que já era casada, em uma festa. Naquele mesmo ano, ele mudou-se para o Palazzo Guiccioli, propriedade do marido da condessa e que agora servirá como um museu em sua homenagem.

Lá, Byron recebeu visitas de amigos próximos, como Percy Bysshe Shelley — também um dos maiores poetas românticos ingleses e marido de Mary Shelley — e Thomas Moore, um escritor e poeta irlandês. Um detalhe importante é que, conforme descrito pela escritora britânica Caroline Lamb, com quem também teve um caso, Byron era "louco, mau e perigoso de se conhecer", sendo inclusive conhecido em Ravena como "o inglês louco".

Porém, "o amor por Teresa levou Byron a se transformar e, sem se tornar santo, mudou de vida", explica Antonio Patuelli, presidente da fundação, ao Guardian. Antes de se estabelecerem no Palazzo Guiccioli, o casal até pensou em fugir juntos, o que eles fizeram apenas em 1821, quando foram para Pisa.

Desenho representando Teresa Guiccioli e retrato do Lord Byron / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

 

Então, para se juntar aos insurgentes que lutavam na guerra de independência contra o Império Otomano, Byron deixou a Itália e foi em direção à Grécia em 1823, deixando aquela que seria seu último grande amor. Ele morreu de febre em abril do ano seguinte, aos 36 anos, na cidade grega de Mesolóngi, e hoje está enterrado no jazigo de sua família em Nottinghamshire, na Inglaterra.

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