Escavações iniciais focaram em um promontório fortificado entre dois desfiladeiros profundos, mas vestígios de construções se estendiam muito além
Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Éric Moreira Publicado em 09/01/2025, às 11h16
Um estudo recente utilizando tecnologia de drones revelou que Dmanisis Gora, uma fortaleza de 3.000 anos localizada nas Montanhas do Cáucaso, é significativamente maior do que se acreditava.
As descobertas levaram a novas interpretações sobre a dinâmica dos assentamentos durante o final da Idade do Bronze e o início da Idade do Ferro.
O trabalho foi conduzido pelo Dr. Nathaniel Erb-Satullo, do Instituto Forense da Universidade de Cranfield, e Dimitri Jachvliani, do Museu Nacional da Geórgia, e foi publicado no periódico Antiquity. Desde 2018, a pesquisa vem destacando Dmanisis Gora como um sítio-chave para compreender o urbanismo e a organização social na antiguidade.
As escavações iniciais focaram em um promontório fortificado entre dois desfiladeiros profundos. Contudo, durante uma visita no outono, quando a vegetação densa havia diminuído, foram identificados vestígios de fortificações e edifícios que se estendiam muito além da área conhecida.
Para mapear essas descobertas, foram capturadas cerca de 11.000 imagens com drones, processadas por softwares especializados, criando modelos de elevação digital e mapas detalhados das estruturas.
O uso de drones nos permitiu identificar características sutis do terreno e criar mapas precisos das fortificações, sistemas de campos, sepulturas e outras estruturas no assentamento externo”, explicou o Dr. Erb-Satullo.
A pesquisa revelou que o muro de fortificação se estende por um quilômetro, tornando Dmanisis Gora mais de 40 vezes maior do que estimado anteriormente.
Combinando fotografias aéreas e imagens de satélite da Guerra Fria, os pesquisadores distinguiram estruturas antigas de alterações modernas causadas pela agricultura.
Localizada em uma encruzilhada entre Europa, Estepe Eurasiática e Oriente Médio, a Geórgia sempre foi um ponto de encontro cultural, e Dmanisis Gora reflete essa rica interação.
O tamanho impressionante e a arquitetura defensiva do sítio sugerem um grande centro habitacional, refletindo uma era de crescente complexidade social e política, repercute o Archaeology News.
Os estudos indicam que o crescimento da fortaleza pode estar ligado não apenas à população local, mas também ao fluxo de pastores nômades. Acredita-se que essa mobilidade tenha resultado em flutuações sazonais na ocupação do assentamento externo.
Apesar das fortificações robustas, evidências apontam para uma ocupação de baixa intensidade, possivelmente sazonal, apoiando a teoria de que a mobilidade pastoral desempenhava um papel importante na organização social da época.
Dmanisis Gora desafia a ideia de que o “Colapso da Idade do Bronze” trouxe rupturas significativas à região do Cáucaso do Sul. Enquanto outras áreas do Oriente Próximo e Mediterrâneo enfrentavam grandes transformações, a região manteve uma notável continuidade cultural e habitacional.
Pesquisas em andamento visam aprofundar o entendimento sobre a densidade populacional, práticas agrícolas e pecuárias no local. Até o momento, as escavações revelaram dezenas de milhares de artefatos, incluindo fragmentos de cerâmica e ossos de animais, oferecendo uma janela para o cotidiano das pessoas que ali viveram.
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