Imagem ilustrativa com macarrão e nanofibras criadas recentemente - Foto por jcomp via Flickr / Divulgação/Beatrice Britton et al
Ciência

Cientistas criam 'macarrão' mais fino do mundo, mas que não é alimento

Pesquisadores britânicos criaram "espaguete" 200 vezes menos espesso que fio de cabelo, mas com finalidade bastante peculiar; entenda!

Éric Moreira Publicado em 25/11/2024, às 12h30

Recentemente, pesquisadores da University College London, no Reino Unido, criaram o que pode ser considerado o "espaguete" mais fino do mundo, com impressionantes 372 nanômetros de espessura. Essa medida, para se ter noção, faz dele cerca de 200 vezes menos espesso que um fio de cabelo humano.

No entanto, embora muitas pessoas possam já imaginar que tipo de prato poderia ser feito com tal iguaria, esse "macarrão" não foi feito para servir como alimento, mas sim para atuar como uma nanofibra em áreas como a medicina e a indústria.

Segundo a Revista Galileu, não é algo necessariamente inovador na indústria a utilização de nanofibras feitas a partir de amido, geralmente produzidas naturalmente por plantas, sendo capazes de armazenar o excesso de glicose. Graças a essa capacidade, esteiras de nanofibras, que são porosas e também permitem a entrada de água e umidade, mantém bactérias de fora em feridas em cicatrização, por exemplo.

O novo "espaguete" teve seu processo de fabricação detalhado em um estudo publicado no fim de outubro na Nanoscale Advances. "Tradicionalmente, para fazer espaguete, você empurra uma mistura de água e farinha através de buracos de metal", explica o coautor da pesquisa, Adam Clancy, em comunicado.

"Em nosso estudo, fizemos o mesmo, exceto que puxamos nossa mistura de farinha com uma carga elétrica", continua, em um processo chamado de eletrofiação, em que fios de farinha e líquido são puxados pela ponta de uma agulha com uma carga. "É basicamente o mesmo espaguete, mas muito menor".

Vale mencionar que, hoje, o tipo de massa mais fino conhecido se chama su filindeu (que significa "fios de Deus" em italiano), feita manualmente por um fabricante da cidade de Nuoro, na Itália. Apesar do nome certamente imponente, ela ainda é cerca de 1000 vezes mais espessa que a nova nanofibra, que consegue até mesmo ser mais espessa que alguns comprimentos de onda da luz.

+ A Igreja do Monstro de Espaguete Voador: O que é o Pastafarianismo?

Fotografia nanométrica da nanofibra de 'macarrão' / Crédito: Divulgação/Beatrice Britton et al

 

Porém, caso você esteja pensando em adquirir a massa para preparar algum prato diferente, já deixe esses planos de lado. "Infelizmente, não acho que seja útil como macarrão, pois cozinharia demais em menos de um segundo, antes que você pudesse sequer retirá-lo da panela", explica Gareth Williams, também envolvido no estudo, no comunicado.

Objetivos

Segundo os pesquisadores, as nanofibras de amido possuem grande potencial para uso em curativos, e agora são exploradas também como método de auxiliar a regeneração de tecidos, visto que imita a matriz extracelular com sua rede proteica e de outras moléculas.

Além disso, Adam Clancy acrescenta que "o amido é um material promissor para uso, pois é abundante e renovável. Trata-se da segunda maior fonte de biomassa na Terra, atrás apenas da celulose, e é biodegradável, o que significa que pode ser decomposto no corpo".

Agora, os pesquisadores esperam explorar mais o material e descobrir mais propriedades do produto. "Gostaríamos de saber, por exemplo, quão rápido ele se desintegra, como ele interage com as células e se você poderia produzi-lo em escala", finaliza Clancy.

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