O planeta Marte - Wikimedia Commons/ESA
Marte

Cienstistas tentam desvendar o que aconteceu com a atmofera perdida de Marte

Há bilhões de anos, o Planeta Vermelho deixou de ser um lugar que poderia sustentar a vida e se transformou em gigante deserto e gelado; entenda!

Fabio Previdelli Publicado em 03/10/2024, às 11h15

Há bilhões de anos, Marte passou por uma transformação drástica: após perder sua atmosfera, o planeta vermelho deixou de ser um lugar que poderia sustentar vida e se transformou em uma imensidão desértica e gelada. Mas o que realmente aconteceu com o ar espesso que cercava Marte? A pergunta vem intrigando pesquisadores há décadas. 

+ Marte pode contar com reservatório de água líquida, aponta estudo

Com isso, cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, agora sugerem que a resposta pode estar "à vista de todos", nas argilas ricas em ferro do planeta vermelho.

O grupo propõe que grande parte da atmosfera marciana desaparecida foi absorvida pela crosta do planeta na forma de metano. O processo teria acontecido há cerca de 3,5 bilhões de anos. 

Essa hipótese traz esperança de que, um dia, o metano armazenado na argila marciana possa ser recuperado e utilizado como combustível em futuras missões entre Marte e a Terra. Detalhes do estudo foram publicados na revista Science Advances.

"Esse metano pode ainda estar presente e talvez até ser usado como uma fonte de energia em Marte no futuro", comentou Oliver Jagoutz, professor de geologia no Departamento de Ciências da Terra, Atmosféricas e Planetárias do MIT, conforme repercutido pelo The Independent. 

A atmosfera de Marte

Acredita-se que Marte já teve uma atmosfera densa, com água líquida e um campo magnético forte — condições essenciais para a vida prosperar da forma que conhecemos na Terra. 

Os pesquisadores argumentam que, ao longo do tempo, a água na superfície marciana escorreu através das rochas, desencadeando uma reação lenta que retirou o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e o converteu em metano.

Neste momento da história de Marte, achamos que o CO2 está em todo lugar, em cada canto e fenda, e a água que percola pelas rochas também estava cheia de CO2", explicou Dr. Joshua Murray, recém-graduado do mesmo departamento no MIT.

Os pesquisadores indicam que a água teria inicialmente reagido com um mineral rico em ferro chamado olivina, amplamente disponível em Marte, para criar óxido de ferro, conferindo ao planeta sua coloração laranja-avermelhada.

Essa reação teria permitido que as moléculas livres de hidrogênio da água se combinassem com o dióxido de carbono para formar metano.

Com o passar do tempo, segundo os pesquisadores, a olivina teria lentamente se transformado em um tipo de argila rica em ferro conhecida como esmectita. Pesquisas anteriores da equipe demonstraram que as esmectitas podem armazenar carbono por "bilhões de anos".

"Essas argilas esmectitas têm uma enorme capacidade de armazenar carbono. Usamos nosso conhecimento sobre como esses minerais são armazenados em argilas na Terra e extrapolamos para dizer: se a superfície marciana tem essa quantidade de argila, quanto metano você pode armazenar nessas argilas?", se questiona Murray

Os cálculos dos pesquisadores indicam que as esmectitas no planeta vermelho poderiam conter até 1,7 bar de dióxido de carbono, equivalente à cerca de 80% da atmosfera marciana primitiva.

"Descobrimos que as estimativas dos volumes globais de argila em Marte são consistentes com uma fração significativa do CO2 inicial de Marte sendo sequestrado como compostos orgânicos dentro da crosta rica em argila. De certa forma, a atmosfera perdida de Marte pode estar escondida à vista", finaliza.

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