Pintura encontrada em caverna - Divulgação/Julien Benoit/Plos One
Arqueologia

Arte rupestre pode representar espécie que viveu há 200 milhões de anos

Pintura encontrada em uma caverna na África do Sul é semelhante a um fóssil de herbívoro extinto encontrado na região

Giovanna Gomes Publicado em 20/09/2024, às 11h30

Uma equipe de pesquisadores da Universidade Witwatersrand, na África do Sul, defende que uma arte rupestre encontrada no país pode representar um animal extinto há cerca de 200 milhões de anos. Segundo os cientistas, a gravura se assemelha a um fóssil de dicinodonte bem preservado que foi encontrado na região. A descoberta foi detalhada em um artigo publicado na revista científica Plos One.

De acordo com informações da revista Galileu, as pinturas foram localizadas no painel conhecido como Serpente Chifruda, parte de um mural de pedra na cidade de Mohokare, África do Sul. O painel é notável por retratar animais que não se parecem com nenhuma espécie contemporânea da região.

Acredita-se que essas pinturas tenham sido feitas entre 1821 e 1835 pelo povo San, identificável pelos elementos culturais presentes na obra.

Animal com presas

A imagem retrata um animal com presas voltadas para baixo e corpo alongado, semelhante a um dicinodonte — herbívoros que viveram entre 270 e 200 milhões de anos atrás e cujos fósseis foram encontrados na Bacia de Karoo, na África do Sul.

Se essa interpretação for correta, a pintura representaria a primeira descrição científica desses herbívoros. Há evidências arqueológicas que sugerem que os San possam ter coletado fósseis e representado esses animais em sua arte.

O povo San

O povo San, de cultura nômade, vivia em pequenas comunidades familiares e baseava sua sobrevivência na caça e coleta. Se confirmada, a representação de dicinodontes na arte rupestre indicaria que essa população indígena pode ter descoberto fósseis, os interpretado e integrado em sua arte e crenças.

"A pintura foi feita no máximo em 1835, o que significa que esse dicinodonte foi retratado pelo menos dez anos antes da descoberta científica ocidental e da nomeação do primeiro dicinodonte por Richard Owen em 1845", disse o paleontólogo Julien Benoit, líder do estudo.

"Este trabalho apoia [o fato] de que os primeiros habitantes do sul da África, os caçadores-coletores San, descobriram fósseis, os interpretaram e os integraram em sua arte rupestre e sistema de crenças", declarou Benoit.

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