Esqueleto conhecido como o 'vampiro de Connecticut' intrigou pesquisadores; relembre o estudo de 2019
Giovanna Gomes Publicado em 29/07/2024, às 19h00
John Barber era um homem de cerca de 55 anos de idade quando faleceu e foi enterrado em Griswold, Connecticut, durante o século 19. Quando seus restos mortais foram descobertos, mais de 150 anos depois, foi notado que havia sido decapitado e que seus ossos do crânio e da coxa haviam sido colocados em sua caixa torácica.
A descoberta deixou os cientistas intrigados ao longo de décadas, criando uma aura de mistério em torno do "vampiro" do século 19.
Tudo começou em 1990, quando uma criança encontrou um crânio em uma mina. Conforme o portal Business Insider, a polícia isolou o local, inicialmente suspeitando que os restos mortais pudessem pertencer a uma vítima do serial killer local Michael Ross. Contudo, rapidamente ficou claro que os ossos tinham mais de cem anos.
O local apresentava 29 sepultamentos típicos dos anos 1700 e 1800, mas um conjunto de restos mortais se destacou devido à sua posição incomum: os pés, a caixa torácica e a coluna estavam na posição correta, no entanto, os ossos do crânio e da coxa foram removidos, sugerindo práticas funerárias não convencionais.
A posição dos ossos indicava que o corpo teria sido reorganizado após a morte, um ato que os arqueólogos acreditam estar ligado a crenças de vampirismo.
Durante séculos, algumas culturas acreditaram que os mortos poderiam voltar para assombrar os vivos, resultando em práticas funerárias destinadas a impedir a ressurreição.
Ellen Greytak, diretora de bioinformática da Parabon NanoLabs, explicou que a posição do esqueleto tinha o objetivo de garantir que o "vampiro" não pudesse caminhar e atacar os vivos.
Por anos, o "vampiro de Connecticut" foi conhecido apenas como "JB55", baseado nas iniciais "JB" esculpidas nas tachas de latão usadas para fechar o caixão.
Em 2019, uma análise de DNA, com pesquisa genealógica, revelou que o nome verdadeiro do homem era John Barber, um fazendeiro modesto que morreu de tuberculose em 1826.
A tuberculose causava perda dramática de peso, envelhecimento da pele e tosse de sangue, sintomas que poderiam ter assustado os contemporâneos de Barber e levado à sua reclassificação como um "vampiro". O medo da doença e a falta de entendimento científico resultaram em práticas supersticiosas para impedir que os mortos ressuscitassem.
Para dar um rosto a Barber, a Parabon NanoLabs e o Laboratório de Identificação de DNA das Forças Armadas analisaram o DNA extraído dos restos mortais.
Utilizando inteligência artificial, os cientistas teorizaram que Barber tinha pele clara, olhos castanhos ou castanho-claros, e cabelos castanhos ou pretos. Essas características foram, então, aplicadas a uma digitalização 3D do crânio de Barber, criando um retrato apresentado em uma conferência em 2022.
Os arqueólogos enfatizaram que quando falam de "vampiros", não se referem aos seres imortais sugadores de sangue da ficção, mas sim a crenças populares em mortos que poderiam voltar para assombrar os vivos.
Na Nova Inglaterra do início de 1800, um "pânico de vampiros" parece ter varrido a área, semelhante ao Pânico das Bruxas de 200 anos antes. O esqueleto de Barber não é o único caso; os "vampiros de Jewett City", uma família que morreu de tuberculose, também foram exumados e queimados na época.
Matteo Borrini, antropólogo forense da Liverpool John Moores University, argumenta que as crenças em vampiros atingiram o pico entre os séculos 14 e 18, sugerindo que este caso seria um registro tardio dessas crenças. Ele observa que as práticas funerárias desviantes, como a reorganização de ossos, geralmente ocorrem enquanto o corpo ainda está em decomposição, o que não parece ter sido o caso aqui.
"Portanto, não poderia ser considerado um vampiro tradicional", disse o pesquisador ao portal Insider. "Eu classificaria isso como um enterro desviante impulsionado pela superstição e falta de compreensão das condições patológicas, em vez de crença em vampiros", finalizou.
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