O astro, que foi de um menino humilde a rei do rock, teve problema com drogas
Vítor Soares, professor de História Publicado em 28/11/2021, às 09h00 - Atualizado em 30/04/2022, às 09h00
Muitos conhecem Elvis Aaron Presley como o rei do rock. De família humilde, nasceu em 1935 em East Tupelo, no Mississippi. Cresceu num período de vacas magras onde todo o país passava pelos trágicos reflexos da Grande Depressão.
Além disso, em 1936 um furacão devastou a cidade em que ele vivia, o que prejudicou o jovem a se desenvolver num ambiente adequado para a primeira infância.
Mas as tragédias da família Presley não pararam por aí. O pai de Elvis foi preso em 37 por estelionato, e depois, a família foi despejada de casa por falta de dinheiro.
Uma história nada convencional para alguém que praticamente se tornaria um deus na terra – ou pelo menos, um rei.
A pobreza do jovem Presley fez com que o consumo não fosse algo de fácil acesso para ele, tanto em termos de questões alimentícias quanto à possibilidade de ter uma casa. A família de Elvis, definitivamente, não esbanjava.
Mas as coisas mudariam pra melhor na década de 50, quando ele começaria oficialmente a atuar como um cantor. Para o leitor ter noção do tamanho de Elvis, muitas pessoas acreditam que o marco inicial do Rock and Roll se deu em 1954, ano em que o topetudo começa oficialmente sua carreira.
Com uma forma de cantar que lembrava os cantores negros dos EUA, como Arthur Crudup, mas sendo um homem branco e assim não promovendo uma repulsa dos ouvintes brancos – racismo nessa época era medido em números astronômicos –, o jovem cantor conseguiu em pouco tempo conquistar seu espaço dentro do showbiz e, com dois anos na estrada, já era conhecido mundialmente.
Sobre o sucesso de Presley, o jornalista Larry Rohter, do Washington Post, diz. “Em 1956, quando Elvis estourava em cada rádio do país, a noção dos jovens americanos sobre independência dos pais, da religião e dos valores de seu tempo foi moldada”.
O sucesso chega e junto com ele as possibilidades. Atribui-se a Maquiavel a frase "Dê poder ao homem e descobrirá quem ele é". Mas no caso de Elvis, talvez, descobriremos quem ele queria ser.
Se na infância o consumo era inacessível, com a fama e o dinheiro, Elvis decide realizar o sonho do pequeno Presley, de consumir desenfreadamente – incluindo drogas.
O que é curioso sobre a relação do rei do rock com as drogas é que as substâncias tidas como ilícitas não eram o seu problema.
Ele já havia admitido ter consumido maconha, cocaína e LSD, mas dizia que foi apenas para provar e nada indica que ele estivesse mentindo.
Seja por preocupação com a sua imagem ou por questões morais legítimas, ele não tinha problema com as drogas que eram consideradas socialmente mais agressivas. Nem álcool ele bebia.
Mas as drogas que pegavam no seu calo eram outras: remédios. E não estou falando de tomar um antialérgico na primeira espirrada ou jogar analgésico para dentro na primeira fisgada de dor nas costas. O que o rapaz tinha era de fato um problema.
Ele começou consumindo anfetaminas. Conheceu o estimulante quando estava servindo ao Exército dos EUA em 1958, na Alemanha Oriental. De volta à terra do Tio Sam, ele conheceu a benzadrina. Os estimulantes tiravam o seu sono, então começou a tomar Valium e Placidyl.
Mais tarde ele conheceu uma gama de anfetaminas como Dexedrima, Daxamylm Escotrol e Desbutal. Até o opiáceo Dilaudid, usado normalmente por pacientes terminais de câncer, estava na listinha da farmácia do rei.
Em um determinado momento, após cancelar vários shows, um médico foi até o seu quarto e encontrou mais de 3 mil comprimidos. Esteroides, sedativos, narcóticos e muitos outros.
Aos 42 anos, com uma carreira de sucesso nunca antes vista, Elvis Presley foi encontrado no banheiro de sua mansão por sua namorada, estirado no chão. Atribui-se a uma overdose com analgésicos, pílulas para dormir e antidepressivos a sua causa mortis.
A saga de Elvis é relembrada no novo episódio do 'Desventuras na História', podcast do site Aventuras na História narrado por Vítor Soares, professor de História e dono do podcast 'História em Meia Hora'.
No 'Desventuras na História', você pode conferir episódios que relembram a vida íntima de Maria Antonieta, Dante Alighieri, Alexandre, O Grande, Gengis Khan e Dom Pedro I.
Escute abaixo!
Roy Chapman Andrews: O homem da vida real que teria inspirado Indiana Jones
Entretenimento mortal: confira 5 curiosidades sobre os gladiadores
Há 231 anos, Maria Antonieta enfrentava seu destino trágico na guilhotina
Os momentos finais de Che Guevara, morto há 57 anos
De Roanoke a sequestrador: 4 desaparecimentos que seguem um mistério
Veja 5 contribuições importantes de Da Vinci para a Ciência