Múmia de Ötzi, o "homem de gelo" - Divulgação/Discover Magazine
Múmias

Ötzi: Existem descendentes do ‘homem do gelo’?

Descoberto por alpinistas em 1991, nos Alpes de Ötztal, "homem do gelo" é uma das mais importantes múmias já descobertas

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 29/10/2023, às 13h00 - Atualizado em 30/10/2023, às 16h39

Era 19 de setembro de 1991 quando o casal de alpinistas alemães Helmut e Erika Simon, enquanto realizavam um trajeto na fronteira entre a Áustria e a Itália — mais especificamente nos Alpes de Ötztal — se depararam com o que pensaram ser o corpo de outro aventureiro que, infelizmente, teria falhado em sua travessia. No entanto, posteriormente, foi revelado que o cadáver tem 5,3 mil anos.

Quando encontrado, o corpo estava depositado sob um terreno recoberto por musgos e hepáticas. Devido ao seu estado de conservação, muitas pessoas acreditaram, na época, que se tratava de um indivíduo que morrera durante uma travessia comum — o que não é raro de acontecer —, mas uma análise arqueológica mais aprofundada apontou sua idade.

+ O estudo que desafia as teorias a respeito de Ötzi, o Homem de Gelo

O exato momento da descoberta de Ötzi / Crédito: Divulgação/Dolan DNA Learning Center

 

Hoje, a simples descrição do cenário onde Ötzi — nome atribuído à múmia — foi encontrado já permite até aos mais leigos compreender como o corpo acabou preservado ao longo de mais de cinco milênios.

O tempo frio nos alpes, a uma altitude de 3.210 metros, evitaram a decomposição total do cadáver. Porém, na época, achados do tipo ainda eram relativamente incomuns, e por isso o 'Homem de Gelo' se tornou uma das descobertas arqueológicas mais importantes já feitas.

A jornada de Ötzi

Embora Ötzi tenha sido encontrado em uma região de verdadeiro difícil acesso, estudos posteriores revelaram que ele passou por uma longa jornada antes de chegar no local que, por muito tempo, tornou-se seu recinto final.

Entre os elementos identificados na múmia, destacam-se grãos de pólen e musgos encontrados em seu estômago, pertencentes a vidas vegetais que não poderiam crescer por ali.

Além disso, também foi apontado que a causa da morte do 'Homem do Gelo', ao contrário do que muitos imaginavam, não foi o frio: ele foi atingido no ombro por uma flecha, que perfurou uma artéria e o levou a sua gradual morte.

Vale mencionar que a múmia fora cercada por peças desenvolvidas por seu povo, incluindo itens de vestuário — feitos de pele, couro e fibras vegetais trançadas — e até armas, como um machado de bronze.

Múmia de Ötzi, o Homem de Gelo / Crédito: Divulgação/Museu de Arqueologia do Tirol do Sul

 

Descendentes

Em 2012, foi divulgado um dos muitos estudos em torno de Ötzi que, especialmente, chamou bastante atenção. Isso porque, conforme noticiado pela Live Science na época, a múmia teria descendentes vivos até hoje — estima-se que 19, pelo menos. A constatação, porém, foi feita tão por acaso quanto o próprio achado do Homem de Gelo.

À WordsSideKick.com, Walther Parson, cientista forense do Instituto de Medicina Legal de Innsbruck, na Áustria, e responsável pelo estudo, explicou via e-mail que a equipe estudava como a geografia dos alpes poderia ter afetado a genética das pessoas daquela região da Europa.

Como resultado, foi analisado o material genético do cromossomo Y (masculino) de cerca de 3.700 homens da região. Para a surpresa dos envolvidos, foi descoberto que 19 pessoas compartilhavam de uma linhagem genética específica — chamada G-L91 — com Ötzi.

Fato que é não é regra para todos, mas pelo menos um poderia ser um descendente direto do Homem de Gelo, pertencente de uma linhagem ininterrupta de filhos de mais de 5 mil anos.

As chances são tão baixas que eu seria tentado a dizer não", acrescenta Parson. "Há muitas outras possibilidades", mesmo que as chances fossem remotas.

Por fim, ainda é afirmado por Parson que essa não pode ser a última palavra sobre a existência de descendentes de Ötzi. Atualmente, arqueólogos seguem estudando o Homem do Gelo e a região ao redor dos Alpes de Ötztal, de maneira que novos parentes perdidos ainda podem surgir em futuras pesquisas.

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