A prática será permitida por até 2 anos, ou até que surtos da doença desapareçam no país
Vanessa Centamori Publicado em 30/03/2020, às 10h19
O governo do Reino Unido anunciou que abortos poderão ser realizados em casa, através do uso de medicamentos, por um período de até 2 anos - ou até que a crise do coronavírus acabe no país. A medida foi adotada para evitar que mulheres tenham que se dirigir a hospitais ou clínicas durante o período de quarentena.
O procedimento poderá ser realizado em gravidezes de até 10 semanas, após consultas com um médico em vídeoconferência ou ligações telefônicas. As pílulas abortivas - mifepristona e misoprostol - serão enviadas por correio.
Um porta-voz do Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido contou à imprensa ontem, 29, que a segurança pública e o acesso a serviços chave são uma prioridade do governo britânico durante o período de isolamento.
Enquanto isso, grupos que são contra o aborto foram contra a decisão e acusaram o setor ligado à prática de tirar vantagem da crise para fazer um lobby e instaurar uma "política de porta dos fundos".
Em entrevista ao The Guardian, Claire Murphy, diretora da organização filantrópica British Pregnancy Advisory Service ( BPAS), disse que o aborto por meio das pílulas é seguro, que irá melhorar o acesso das mulheres à saúde durante a crise. "Estamos contentes que o governo tenha atuado em favor disso. Irá fazer enorme diferença para a saúde da mulher e o bem estar no clima atual", afirmou.
Até o anúncio referente ao uso das pílulas, o aborto só podia ser realizado no Reino Unido dentro de hospitais e clínicas licensiadas. Também era necessário a aprovação de dois médicos para não romper com a lei Abortion Act, de 1967.
Manifestantes pró-aborto estimam que 44 mil mulheres na Inglaterra e em Wales precisariam se dirigir à clínicas e hospitais na próxima semana, para realizar o término de gestações. Com isso, as orientações de isolamento social não seriam seguidas.
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