O jeans foi criado por um alemão com material francês e tintura indiana
Rafael Tonon Publicado em 11/08/2009, às 03h58 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36
Se a humanidade teve um uniforme no século 20, foi o jeans. Fica difícil imaginar um país ou uma ocasião em que ele não seja encontrado. Serve para todas as idades e foi a primeira vestimenta usada por homens e mulheres. Esse caráter universal está no próprio DNA da peça: com base em uma ideia de um alfaiate americano, um comerciante alemão criou o jeans como uma variação de um tecido francês, muito usado por marinheiros genoveses. E a cor azul característica veio do índigo, uma tintura desenvolvida na Índia.
Essa história começou em 1847, quando o jovem germânico Oscar Levi Strauss (1829-1902) abriu uma loja de secos e molhados em São Francisco, na Califórnia, bem no auge da mineração no Velho Oeste norte-americano. Ainda sem falar direito o inglês, ele começou a vender rolos de lona, usados para erguer tendas ou cobrir carroças. Um de seus compradores era o costureiro Jacob David Youphes. O americano adaptou o tecido para fazer calças, e os mineradores adoraram a novidade. Agora eles tinham roupas bem mais resistentes que suas peças de algodão, que rasgavam com facilidade. Ao saber dessa demanda, Levi Strauss contratou Youphes e começou a fabricar calças de lona.
Mas o tecido era duro demais. As peças ficavam em pé sozinhas. Foi então que, pesquisando materiais, Strauss encontrou um tipo de brim francês, também resistente, mas flexível. E começou a fazer importações da cidade de Nîmes - motivo pelo qual esse brim passou a ser chamado de denim. Essa peça chegava ao fabricante com algumas variações de cor, entre o branco e o bege, o que atrapalhava na hora de combinar as tonalidades para costurar. Então o alemão resolveu tingir o tecido com índigo.
Pouco depois, Strauss percebeu que os mineradores precisavam de bolsos para guardar as pedras que encontravam. Em 1872, ele patenteou o produto. Não demorou muito para o garimpeiro Alkali Ike reforçar os seus com rebites de metal. E assim, com esse toque final de criatividade, estava pronta a calça jeans como a conhecemos. Nas décadas seguintes, ela conquistaria os mais diversos públicos, até atravessar todas as fronteiras do planeta.
Mil e uma utilidades
Ao longo de sua história, a roupa de mineradores mostrou-se versátil
Lona de barraca
Em 1850, o alemão Levi Strauss chegou à Califórnia com tecido para fazer barracas para os mineradores. Três anos depois, o alfaiate Jacob Youphes percebeu que o material funcionava muito bem como roupa.
Farda de guerra
Em 1916, Henry David Lee (1849-1928), que havia fundado sua empresa de calças em 1899, criou fardas jeans usadas pelo Exército americano na Primeira Guerra Mundial.
Roupa de fábrica
Na década de 20, o tecido passou a ser usado por operários. Em 1936, o hábito foi parar nos cinemas com o filme Tempos Modernos, em que Charles Chaplin (1889-1977) aparecia usando uniforme feito de jeans.
Uniforme de rebeldia
Nos anos 50, Elvis Presley (1935-1977), Marlon Brando (1924-2004), Marilyn Monroe (1926-1962) e James Dean (1931-1955) adotaram o tecido. "Foi quando o mercado se voltou para os desejos dos jovens", diz a consultora de moda Lu Catoira, autora do livro Jeans, a Roupa que Transcende a Moda.
Objeto de desejo
Nos anos 70 e 80, o jeans só não era vendido nos países dominados pela União Soviética. Do lado de lá da Cortina de Ferro, bandas de rock protestavam usando calças contrabandeadas.
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