O documentário Razões para a Guerra mostra até onde vai a indústria bélica
01/09/2007 00h00 Publicado em 01/09/2007, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36
Razões para a Guerra
Dirigido por de Eugene Jarecki, EUA, 2004
O general Dwight D. Eisenhower comandou os Estados Unidos em um dos momentos mais delicados da nação. O país, que antes da Segunda Guerra possuía uma indústria bélica pífia, havia se tornado um titã militar. Entretanto, o fim da guerra não trouxe a tradicional desmobilização das armas. Em função da crescente tensão que se avizinhava com os soviéticos, os EUA mantiveram suas forças em prontidão.
Assim, quando assumiu o poder, em 1953, Eisenhower teve de lidar, além dos soviéticos, com outro monstro voraz: a cada vez maior indústria bélica do país, que a essa altura se rejubilava com a nova guerra travada pelos EUA, a da Coréia, onde os marines americanos enfrentavam 300 mil “voluntários” do Exército Popular da China na península coreana. Eisenhower conseguiu manobrar e finalizou o conflito. Mas ele percebeu a crescente dependência de seu país em relação ao complexo militar-industrial. E também reparou nos tentáculos dessa indústria alastrando-se pelos corredores do Pentágono e do Congresso.
Foi por isso que, em seu discurso de despedida do cargo, em 1961, Eisenhower foi enfático ao afirmar que o complexo militar-industrial deveria servir aos interesses da nação americana, e não o contrário. Ironicamente, ao menos segundo este documentário, os Estados Unidos tornaram-se, dali para frente, cada vez mais reféns da indústria armamentista, que precisa, década após década, de uma guerra para se manter operante.
A lista de intervenções militares no mundo é constante ao longo do tempo – que o digam Granada, Somália, Iraque, Panamá, Afeganistão e Vietnã. Mas o que as une (ao menos, de acordo com o documentário) é o fato de que todas elas foram, em diferentes medidas, ataques forjados em cima de mentiras. Isso, por exemplo, ficou demonstrado com a última invasão do Iraque, em que a desculpa para a intervenção foram as supostas “armas químicas” escondidas pelo ditador Saddam Hussein. O objetivo final dessa política: manter a máquina de guerra funcionando.
A crítica, entretanto, não acaba por aí. Este padrão de intervenções militares seria o responsável pelo ataque às Torres Gêmeas, realizado em 2001, em um efeito denominado “blowback”, mas que poderia ser traduzido em português por “efeito bumerangue”. Segundo o documentário, o ataque terrorista, por pior que tenha sido, não ocorreu “de graça”. Ele é a resposta a uma série de ações semelhantes perpetradas pelos Estados Unidos em sua longa carreira de intervenções militares.
Sir, no sir!
Dirigido por David Zeiger, EUA, 2005. O documentário aborda um aspecto que os militares gostariam de deixar à sombra: deserções e insatisfação com a guerra dentro das próprias fileiras. Segundo esse relato, durante 1966 e 1971, os militares tiveram de lidar com aproximadamente 500 mil incidentes envolvendo deserção. Praças insatisfeitos imprimiam jornais clandestinos de protestos – alguns deles, brutalmente reprimidos, foram sentenciados a dez anos de prisão.
No End in Sight
Dirigido por Charles Fergunson, EUA, 2007. Neste documentário que acabou de sair do forno, o diretor debruça-se sobre os três meses subseqüentes à invasão do Iraque. Para Fergunson, foi naquele momento que os Estados Unidos perderam a mão de como lidar com o Iraque. Entre as maiores bobagens de Bush estariam o banimento de qualquer membro do partido Baath nos novos cargos públicos e o envio de poucas tropas para assegurar a ordem.
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