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Sob a cruz e a espada

Cristianismo e guerras dominaram o mundo

24/06/2009 07h40 Publicado em 24/06/2009, às 07h40 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

Entre 476 e 1453, vivemos um milênio de Idade Média - termo cunhado em 1439 pelo renascentista Flavio Biondo (1392-1463). Foi um período desigual. A rotina era desconfortável, mas limpa. "É difícil entender o valor que se dava a uma cama macia. A vida era áspera", escreveu o historiador holandês Johan Huizinga (1872-1945). "No século 12, as pessoas tomavam mais banho que no 19", afirmou a historiadora americana Lynn Thorndike (1882-1965).

Uma coisa é certa: o cristianismo dominou o período. A arte e as guerras giravam em torno da Igreja. Sob a liderança de pensadores como São Tomás de Aquino (1225-1274), a filosofia escolástica virou lei. Dizem que Santo Agostinho (354-430), autor de Cidade de Deus, livro que inspirou a política da época, foi o último homem da Antiguidade e o primeiro da Idade Média. Por sua vez, Dante Alighieri (1265-1321), autor da Divina Comédia, é considerado o último homem medieval. Auge da cultura cristã, período de trevas? A Idade Média é tudo isso e muito mais.

A Idade Média
Mil anos de Cruzadas, Inquisição e Peste Negra

476 d.C. - Missões de fé

Imagine a Quinta Avenida, em Nova York, tomada por pastagens e cabras. É assim que Roma está. Enquanto isso, o cristianismo, religião oficial do império desde 391, cresce entre os bárbaros. Missionários, como São Bonifácio, chegam a lugares que nem os legionários romanos tinham alcançado.

790 - Troca de genes

Entre os séculos 4 e 11, a Europa é marcada por migrações e invasões, que mudam o perfil de seus habitantes. Sabe-se que 50% dos moradores de Liverpool têm herança viking. Já na França, os habitantes ganham carga genética asiática, herança da ocupação de Átila, o Huno (406-453).

800 - Xerifão medieval

Carlos Magno (747-814) coloca ordem na Europa. Em sua gestão à frente do Sacro Império Romano-Germânico, institui o primeiro plano de alfabetização universal. Contudo, ele nunca supera alguns hábitos pessoais bárbaros. É irascível e tem ciúme doentio das filhas.

900 - Fortalezas gigantescas

O sistema de defesa medieval é formado por castelos, cuja construção emprega até 2 mil pessoas. Para defender esses edifícios, são treinados cavaleiros. A profissão é difícil, mas tem lá suas recompensas: em troca de defesa militar, os cavaleiros costumam ganhar feudos.

1000 - Ciência de ponta

O mundo islâmico é a maior potência militar, econômica e, principalmente, científica: os árabes são craques da anatomia e da medicina e a primeira universidade do mundo, a Al-Karauoine, havia sido construída no ano 859 em Fez, no Marrocos.

1045 - Arte "tosca"

A arquitetura medieval é chamada de "gótica". O apelido, pejorativo, seria criado pelo historiador da arte Giorgio Vasari (1511-1574). “Gótico”, no caso, quer dizer "tosco". É que, no futuro, os renascentistas torceriam o nariz para o estilo das catedrais medievais.

1100 - Banco cristão

Começam as Cruzadas, armadas para libertar Jerusalém do jugo muçulmano. A fim de disputá-las, são formadas ordens militares e religiosas, como a dos Templários. Esses guerreiros realizam uma inovação na economia: a criação dos bancos modernos, sustentados por depósitos de fiéis a caminho da Terra Santa.

1184 - Fé e fanatismo

Surge a Inquisição, numa época de batalha da Igreja contra heresias que brotam por toda a Europa. O papa incumbe a Ordem Dominicana de fazer as investigações, sendo a utilização de tortura aprovada por uma bula papal de 1252.

1270 - Made in China

Os chineses são pioneiros na tecnologia. Eles já conhecem a bússola magnética, o papel, o tear, os óculos e o canhão. Outra técnica que eles dominam é a imprensa. Desde o século 7 a China já conhece os tipos móveis para a geração de letras e caracteres.

1347 - Doença e morte

A Peste Negra, que mata de 75 milhões a 125 milhões de europeus entre 1347 e 1348, surge possivelmente na Ásia. Florença tinha 114 mil habitantes em 1338. Em 1351, sobram 45 mil. Em geral, os especialistas acreditam que a praga foi uma combinação de duas epidemias: peste bubônica e pneumonia.

1453 - O segundo fim do Império

Na Idade Média, o Império Romano não deixa de existir, mas vira o Império Bizantino, com capital em Constantinopla (na Turquia). Ele só é derrubado quando os muçulmanos conquistam a cidade. Surge um novo panorama, marcado pela tensão entre Ocidente e Islã.

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