Durante a última Era Glacial, o nível do mar era mais baixo. Ásia e América eram ligadas pela Beríngia, um vasto território entre a Sibéria e o Alasca. Mas havia um obstáculo no caminho: a massiva camada de gelo no Canadá, que impedia a colonização do continente americano. Isso mudou há 14 ou 15 mil anos, quando uma “ponte de terra” se abriu em meio ao gelo canadense, permitindo a chegada dos humanos aos Estados Unidos e, daí, ao resto da América.
Ao menos essa era a teoria mais tradicional. Só que ela tinha um buraco: há indícios de presença humana na América do Sul muito antes dessa ponte, no mínimo há 14 700 anos. Mesmo se o corredor tivesse surgido antes, seria improvável os humanos pré-históricos chegarem tão rapidamente ao outro lado do continente.
Um estudo das Universidades de Cambridge e Copenhague acaba de jogar uma pá de cal sobre a teoria clássica. Segundo os cientistas, que analisaram extratos de subsolo na região do corredor no Canadá, a ponte de terra era completamente inóspita quando se abriu: não tinha animais nem plantas. Ela só se tornaria habitável milênios depois, há 12 600 anos – e, então, pode ter sido usada por outras levas de imigrantes, mas não os primeiros. Esses, segundo os cientistas, vieram pelo Oceano Pacífico, ao longo da costa gelada, em canoas.