O Real Gabinete Português de Leitura é aberto para visitação e carrega raridades como um exemplar da primeira edição de "Os Lusíadas", de Camões
Há 186 anos, no dia 14 maio de 1837, um grupo de 43 imigrantes portugueses no Rio de Janeiro decidiu se juntar para construir uma biblioteca conjunta, para ampliar o conhecimento do grupo. A maioria dos fundadores do Real Gabinete Português de Leitura eram comerciantes, alguns deles perseguidos pelo governo absolutista de Portugal.
Inspirados em iniciativas parecidas da França, esses portugueses decidiram criar um gabinete de leitura para celebrar o tricentenário da morte do grande poeta português Luís de Camões, em 1880. Nesse ano, o imperador Dom Pedro II lançou a pedra fundamental do prédio.
O arquiteto Rafael da Silva Castro, também de Portugal, desenhou o projeto do templo ao conhecimento, que foi inaugurado em 1887 pela princesa Isabel. 13 anos depois, em 1900, o gabinete de leitura privado virou uma biblioteca pública para os cariocas.
Desde então, o Real Gabinete Português de Leitura atrai muitos por sua expansiva coleção, cheia de raridades, e por sua bela arquitetura em estilo neomanuelino. Em 2021, a agência de viagens virtual Civitatis realizou um ranking das bibliotecas mais bonitas do mundo, e essa pérola do Rio de Janeiro estava entre as 10 primeiras, ao lado de instituições de Dublin, Nova York e Stuttgart.
Segundo o g1, o acervo do Real Gabinete Português de Leitura é o maior e mais valioso de obras de autores portugueses fora de Portugal. São 350 mil volumes de livros na biblioteca, que conta com um sistema completamente informatizado para encontrar as obras.
Algumas dessas obras são volumes raros, como um exemplar da primeira edição de "Os Lusíadas", poema épico de Luís de Camões, homenageado no gabinete de leitura e no nome da rua na qual ele fica, que é uma parte definidora da identidade portuguesa desde o século 16. Esse livro que está em posse do Real Gabinete era da Companhia de Jesus.
O acervo também guarda primeiras edições e manuscritos de obras importantes para a comunidade lusófona desde o século 16 até mais recentemente, guardando originais de Machado de Assis. Além das obras, o Real Gabinete também conta com uma coleção de cartas de diversos escritores.
Além dos livros, o Real Gabinete Português de Leitura também tem exposta uma maquete do monumento a Pedro Alváres Cabral, doada pelo autor da obra, mestre Rodolpho Bernardelli, e bustos de figuras como Eça de Queirós, um dos mais importantes escritores portugueses, especialmente no contexto do Realismo do século 18.
O Real Gabinete Português de Leitura, uma obra de arte do lado de dentro e do lado de fora, está aberto para visitação durante os dias úteis, das 10 horas da manhã às 17 horas e a entrada é gratuita.
Consultar livros no acervo da biblioteca é possível, no entanto, é uma atividade que precisa ser agendada previamente, por e-mail, já que os volumes não podem ser manuseados diretamente pelos visitantes. O Real Gabinete Português de Leitura fica no Centro do Rio de Janeiro, na rua Luís de Camões, 30.