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Notícias / Arqueologia

Na Hungria, esqueleto do século 6 é encontrado ao lado de ossada de cavalo

Além da curiosa descoberta, pesquisadores encontraram também outros 400 enterros da Era Ávara, de mais de 9 gerações; entenda!

Esqueleto e ossada de cavalo lado a lado - Reprodução / Instituto de Ciências Arqueológicas (Hungria)
Esqueleto e ossada de cavalo lado a lado - Reprodução / Instituto de Ciências Arqueológicas (Hungria)

Pesquisadores empregaram material genético antigo e vestígios arqueológicos para reconstituir as estruturas sociais das populações descendentes da Era Ávara, que se estabeleceram na Bacia dos Cárpatos, na Europa, no século 6.

O estudo, divulgado em 24 de abril na revista Nature, foi conduzido pelo Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, situado em Leipzig, Alemanha. Escavações em quatro cemitérios revelaram os restos mortais de aproximadamente 400 indivíduos, dos quais cerca de 300 foram sepultados próximos a parentes. Um dos achados notáveis foi o esqueleto de um homem enterrado ao lado de um cavalo.

A abordagem dos especialistas envolveu a análise de comunidades inteiras, possibilitando a reconstrução de diversas árvores genealógicas, a maior das quais abrangendo 9 gerações e cerca de 250 anos. Os sujeitos sepultados pertenciam à população ávara que habitou a região há mais de um milênio, originária da Ásia Central Oriental.

Os ávaros dominaram vastas áreas do Centro-Oriente Europeu por aproximadamente 250 anos, do século 6 ao 9 d.C. Estudiosos têm buscado compreender suas práticas sociais e modos de vida a partir de rituais funerários e relatos escritos de seus vizinhos.

Ricos depósitos

Os cemitérios dos Ávaros são depósitos ricos em achados arqueológicos, com cerca de 100 mil túmulos escavados até o momento. A arqueogenética tem sido uma ferramenta essencial para examinar essas comunidades, permitindo análises dos laços de parentesco entre os indivíduos, segundo a Galileu.

Outros esqueletos e itens encontrados nos enterros - Reprodução / Instituto de Ciências Arqueológicas (Hungria)

O estudo revelou que a comunidade seguia um sistema de descendência patrilinear, com uma estrutura social centrada em torno de uma linhagem paterna principal. Os homens geralmente permaneciam em suas terras natais, enquanto as mulheres desempenhavam um papel crucial na coesão social ao se casarem fora de suas comunidades originais.

A poligamia era comum, incluindo casos em que parentes masculinos, como irmãos, pai e filho, tinham filhos com a mesma mulher.

Essas práticas, juntamente com a ausência de consanguinidade genética, indicam que a sociedade mantinha uma memória detalhada de sua ancestralidade e sabia quem eram seus parentes biológicos ao longo das gerações", relata Guido Alberto Gnecchi-Ruscone, primeiro autor do estudo, em um comunicado.

Análise detalhada

Uma análise minuciosa revelou uma mudança temporal em um dos locais estudados, indicada pela substituição de uma linhagem paterna por outra e por alterações nos padrões de parentesco distante. "Essa substituição de comunidades reflete tanto uma mudança arqueológica quanto dietética que descobrimos dentro do próprio sítio, mas também uma transição em grande escala que ocorreu em toda a Bacia dos Cárpatos", diz Zsófia Rácz, co-primeira autora da pesquisa, também no comunicado.

Apesar dos registros da história ávara serem predominantemente fornecidos por seus adversários, como os Bizantinos e Francos, o que limita nosso entendimento sobre eles, persistem dúvidas sobre se mantiveram tradições nômades, suas interações entre si e como seu estilo de vida evoluiu ao longo do tempo.