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Notícias / Mundo

Itália: Após 11 anos, autoridades identificam corpo de vítima de naufrágio

A tragédia, ocorrida há mais de uma década, colocou a crise migratória no centro do debate político tanto nacional e europeu

por Maria Paula Azevedo

Publicado em 02/05/2024, às 19h39

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Imagem ilustrativa de imigrantes em alto-mar - Licença Creative Commons via Flickr
Imagem ilustrativa de imigrantes em alto-mar - Licença Creative Commons via Flickr

Após quase onze anos, uma equipe de investigação finalmente identificou uma das 368 vítimas do naufrágio de migrantes em 3 de outubro de 2013, que ocorreu a poucos metros da ilha italiana de Lampedusa.

Weldu Romel, um eritreu de 27 anos, terá suas informações pessoais inscritos na lápide que será colocada no cemitério monumental de Caltagirone, na província de Catânia, onde seu corpo está enterrado. Uma cerimônia está prevista para o próximo dia 6 de maio, com a presença de autoridades.

“Aquele terrível naufrágio permanecerá indelevelmente marcado na memória de muitos. Ser capaz de devolver uma identidade a uma das vítimas é um ato de grande civilidade e profundo respeito por aqueles que perderam o bem mais precioso, a vida, na tentativa, infelizmente, vã, de cultivar o sonho de uma existência melhor”, afirmou Fabio Roccuzzo, prefeito de Caltagirone.  

Nossa batalha é dar um nome e um sepultamento digno às vítimas dos naufrágios. Toda pessoa tem direito a um sepultamento digno, assim como os familiares têm o direito de ter um lugar para lembrar e chorar seus entes queridos.”, disse Tareke Brhane, presidente de um comitê sobre o desastre.   

“Esperamos poder fazer o mesmo pelas centenas de vítimas sem nome que ainda estão enterradas nos muitos cemitérios de nosso país”, concluiu Brhane, conforme repercutido pelo UOL.

Tragédia

A tragédia, ocorrida há uma década, colocou a crise migratória no centro do debate político tanto nacional quanto na União Europeia. Este evento foi um dos piores da história do Mediterrâneo, resultando na criação da operação militar italiana Mare Nostrum, voltada para o resgate de barcos superlotados na região.

Mais tarde, essa iniciativa foi substituída por uma força-tarefa da UE, que acabou sendo descontinuada por divergências entre os Estados-membros. Até agora, agências humanitárias e grupos progressistas continuam a pedir pelo restabelecimento de uma missão naval de resgate no Mediterrâneo Central, para evitar futuros naufrágios. 

A maioria dos passageiros era eritreus, somalis e ganeses, que desembolsaram aproximadamente US$ 3 mil (em valores da época) cada um para traficantes de seres humanos a fim de realizar a viagem.