Manahel Al-Otaibi é uma personal trainer de 29 anos que, recentemente, foi condenada e acusada de terrorismo na Arábia Saudita
Publicado em 02/05/2024, às 09h00
Recentemente, ocorreu na Arábia Saudita a infeliz prisão de uma personal trainer de 29 anos, o que denota a prevalência do conservadorismo na sociedade saudita. Isso porque, após fazer publicações em redes sociais de cunho feminista — pedindo pelo fim do sistema de tutela masculina da monarquia —, Manahel Al-Otaibi foi acusada de terrorismo.
Segundo a organização de direitos humanos Anistia Internacional, a mulher foi condenada em janeiro, mas os detalhes do caso só ficaram acessíveis recentemente. Conforme repercutido pela Folha de S. Paulo, sua acusação veio após publicações com a hashtag "abaixo a tutela masculina", além de gravar vídeos com o que foram consideradas "roupas indecentes".
Vale mencionar que, em 2019, as restrições para vestimentas femininas foram relaxadas no país para mulheres estrangeiras; porém, até hoje, ainda são rígidas com as mulheres sauditas.
À ONU, porém, a Arábia Saudita negou que a condenação da personal trainer tenha sido devido às publicações, mas sim que ela era acusada de atividades terroristas "que não têm qualquer ligação com seu exercício de liberdade de expressão". Mas mais uma vez, detalhes sobre que atividades seriam essas não foram revelados.
A condenação de Al-Otaibi, pelo que foi informado por fontes oficiais, se deu baseada na lei antiterrorismo do país saudita. Esta lei, por sua vez, vem sendo amplamente criticada pelas Nações Unidas, considerada uma ferramenta legal extremamente ampla para cercear opositores.
Um fator importante sobre a história recente da Arábia Saudita é que, em 2019, depois que o príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman promoveu uma série de reformas pensando em revitalizar a imagem sobre seu país no Ocidente. Agora, mulheres podem pelo menos dirigir, tirar passaporte, viajar sem necessitar de uma autorização do marido e até mesmo pedir divórcio.
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Já em 2022, uma nova lei que codificava os aspectos de tutela masculina foi publicada, mas ainda é dito pela ONG Humans Rights Watch que a lei segue muito vaga, o que possibilita que condenações inconsistentes ocorram.