Em 2002, perseguido por sujeito que não acreditava que o homem foi à Lua, Buzz Aldrin tomou uma atitude inesperada que viralizou
Publicado em 09/01/2024, às 18h38 - Atualizado em 19/01/2024, às 17h59
Era volta de 00h56 (do horário de Brasília) de 21 de julho de 1969, quando Neil Armstrong se tornou a primeira pessoa a pisar na Lua: "Um pequeno passo para o homem, mas um salto enorme para a Humanidade", proferiu o astronauta então com 39 anos.
21 minutos depois, Buzz Aldrin se tornou a segunda pessoa a realizar o feito — a missão Apollo 11 ainda contou com Michael Collins, que embora não tenha repetido o ato, foi tão importante quanto ao pilotar sozinho o módulo de comando e serviço Columbia na órbita de nosso satélite natural.
Desde então, outras onze missões do projeto Apollo foram realizadas, sendo seis delas tripuladas. No total, 12 astronautas caminharam pelo solo lunar, mas a última missão, a Apollo 17, ocorreu há mais de cinco décadas, em 7 de dezembro de 1972.
+ Após 50 anos: Por que nunca voltamos à Lua?
Desde então, jamais voltamos à Lua. Embora a NASA já tenha explicado a questão algumas vezes, ao longo dos anos, diversos teóricos da conspiração surgiram para apontar que o pouso na Lua foi uma fraude. E um deles acabou responsável por protagonizar um episódio constrangedor ao debater com Buzz Aldrin.
O mundo pode até ter se admirado com o sucesso da missão Apollo 11 em 1969, mas conforme os anos passaram e as missões espaciais deixaram de ter o mesmo interesse, começou a surgir cada vez mais quem acreditasse que tudo não foi uma farsa — sobrando até mesmo acusações contra o cineasta Stanley Kubrick.
Em 2019, a BBC publicou uma matéria quantificando quem acreditava na 'farsa da Apollo 11'. Naquela época, um levantamento realizado pelo instituto Gallup, nos Estados Unidos, apontou que 6% dos americanos acredita que tudo não passou de uma grande mentira — outras fontes, ainda, dizem que o índice poderia ser muito maior: 20%.
Já no Reino Unido, a YouGov apresentou que um em cada seis britânicos acredita que a conquista da Lua foi uma encenação — o número era ainda maior por pessoas de até 35% anos que se 'informavam' apenas por canais do YouTube e fóruns da internet, com 21%.
No Brasil, no mesmo ano, o Datafolha fez uma pesquisa parecida, onde mostrou que 70% dos brasileiros acreditava na veracidade da missão Apollo 11; enquanto 4% não soube opinar sobre a questão.
Um dos principais responsáveis por essas teorias, que há anos 'confundem' as pessoas, é Bart Winfield Sibrel. Conspiracionista norte-americano, ele foi responsável por produzir quatro filmes independentes promovendo as ideias de que o homem nunca nem sequer chegou perto da Lua.
O primeiro deles chama-se 'A Funny Thing Happened on the Way to the Moon' (ou 'Uma coisa engraçada aconteceu no caminho para a Lua', em tradução livre). Na produção de 47 minutos, ele descreve o programa Apollo como uma "fraude da CIA na Guerra Fria e da administração Nixon".
Vale ressaltar que todas as teorias da conspiração comuns de negação do pouso do homem na Lua já foram repetidamente desmascaradas ao longo dos anos.
Apesar disso tudo, em setembro de 2002, não convencido de sua ignorância, Bart Sibrel procurou Buzz Aldrin para tentar tirar do astronauta uma 'confissão' sobre a 'farsa' do pouso na Lua. Naquela época, o ex-astronauta tinha 72 anos e Bart 37.
+ Afinal, Buzz Aldrin realmente viu um OVNI enquanto estava no espaço?
No dia 9 de setembro, o conspiracionista abordou Buzz enquanto ele deixava um hotel em Beverly Hills, na Califórnia. Sob pretexto de uma entrevista para um programa de televisão infantil japonês, Bart tentou conversar com Aldrin enquanto uma equipe de filmagem registrava tudo.
Segurando uma Bíblia, Sibrel tentou forçar o ex-astronauta a fazer um juramento afirmando que ele realmente esteve na Lua. Buzz, porém, recusou o pedido do lunático, que não se deu por vencido.
Você é quem disse que andou na Lua quando não o fez", acusou Bart.
Segundo relatado pelo portal Snopes, Buzz Aldrin então foi ouvido exclamando: "Você vai fugir de mim?". Enquanto isso, Sibrel continuava com as acusações: "Você é um covarde, um mentiroso e um ladrão".
Foi então que a equipe de Sibrel registrou o momento em que Buzz Aldrin acertou um soco no conspiracionista. Versão essa confirmada à Reuters na época por Elizabeth Ratinoff, então vice-procuradora distrital.
Entretanto, o vídeo teve um efeito diferente daquele esperado por Bart. No dia seguinte ao corrido, o advogado de Buzz Aldrin relatou que o ex-astronauta foi intimado por um homem de "1,88 m e 113 kg" e forçado contra a parede, sem deixá-lo sair.
Segundo testemunhas, Aldrin havia sido provocado fisicamente, sendo cutucado com uma Bíblia pelo sujeito. Além disso, Buzz também alegou legítima defesa e disse que estava protegendo sua enteada, que o acompanhava no momento.
Embora tenha entregue a gravação às autoridades alegando ter sido agredido, Bart Sibrel acabou sendo alvo de chacota por diversos talk-shows da TV norte-americana. Também foi levantado contra ele diversas outras acusações de assédio a outros astronautas da missão Apollo ao longo dos anos.
Assim, as acusações contra Buzz Aldrin foram retiradas e a polícia não apresentou uma queixa contra o ex-astronauta, que passou a ser elogiado não só por se defender de forma eficaz como também por realizar uma 'justiça poética' contra um homem que acreditava em uma teoria conspiratória corrosiva e sem sentido.